O setor agropecuário do Ceará fechou o intervalo entre janeiro e novembro de 2025 com um desempenho expressivo no comércio exterior, consolidando-se como um dos principais vetores de crescimento econômico do estado. Dados sistematizados pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), por meio da Secretaria Executiva do Agronegócio, apontam que as exportações alcançaram US$ 453,3 milhões no período, resultado que representa uma expansão de quase 22% em relação ao mesmo recorte do ano anterior.
O avanço reflete a retomada consistente da pauta exportadora estadual, impulsionada sobretudo por cadeias produtivas tradicionais, associadas à agroindústria e ao extrativismo vegetal, setores nos quais o Ceará mantém posição de destaque nacional.
Castanha, frutas e carnaúba puxam crescimento
Entre os segmentos que mais contribuíram para o resultado, a castanha de caju teve desempenho excepcional. As vendas externas do produto cresceram quase 90%, somando US$ 66,9 milhões. Com isso, o Ceará passou a responder por mais de 94% das exportações brasileiras de amêndoas de caju, beneficiado pela valorização internacional e pelo aumento da demanda em mercados como Estados Unidos e países europeus.
O setor de frutas frescas também apresentou forte expansão, com crescimento superior a 30% e faturamento de US$ 95,7 milhões. Melões e melancias lideraram os embarques, tendo como principais destinos países como Holanda, Reino Unido e Espanha.
Outro destaque foi a cera de carnaúba, cujas exportações avançaram cerca de 36%, atingindo o mesmo patamar de US$ 95,7 milhões. O produto manteve o Ceará na liderança nacional, concentrando aproximadamente três quartos das vendas brasileiras, com forte presença nos mercados da China, Alemanha e Estados Unidos.
No segmento de pescados, o volume exportado chegou a US$ 93,4 milhões até novembro, com a lagosta permanecendo como principal item da pauta e os Estados Unidos como maior comprador.
Estratégia voltada para renda, emprego e sustentabilidade
Segundo o secretário executivo do Agronegócio da SDE, Silvio Carlos, o desempenho reforça a diretriz do Governo do Ceará de combinar crescimento econômico com inclusão social. A meta, conforme o gestor, é garantir que o aumento das exportações gere impactos diretos na geração de trabalho e renda no interior do estado, fortalecendo uma agenda de desenvolvimento sustentável e competitivo.
Além da produção, a SDE tem intensificado a atuação institucional em feiras e missões comerciais, consideradas fundamentais para a atração de novos investimentos e a abertura de mercados. Em 2025, a secretaria participou de eventos estratégicos no Brasil e no exterior, incluindo feiras internacionais de frutas, missões empresariais na Europa e na América do Sul, além de encontros voltados à irrigação, gestão hídrica e energia no campo.
Parcerias e inovação no centro da política agrícola
Ainda neste ano, o titular da SDE, Domingos Filho, formalizou um Protocolo de Intenções em Inovação Agropecuária em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A iniciativa busca acelerar a adoção de tecnologias no setor e integrar o Ceará à plataforma MapaConecta, voltada à inovação e sustentabilidade nos sistemas agroindustriais. Atualmente, o ministério articula a formação do grupo gestor que conduzirá as ações.
No campo da tecnologia, a secretaria também apostou no fortalecimento do ecossistema de inovação. Durante o PEC Nordeste 2025, foram apoiadas startups que apresentaram soluções como monitoramento inteligente de rebanhos, reaproveitamento de resíduos agroindustriais e aplicação de inteligência artificial na produção rural.
Essas ações alcançaram todas as 14 regiões de planejamento do estado. Ao longo do ano, a Secretaria Executiva do Agronegócio realizou cerca de 80 atendimentos a entidades do setor e prestou apoio técnico a 27 municípios, com foco no fortalecimento das cadeias produtivas locais.
Investimentos e interiorização do desenvolvimento
A política de interiorização econômica também teve papel relevante no desempenho do agronegócio. Um dos destaques foi a instalação da empresa chinesa Oboya Substratos, no município de Itapipoca, voltada ao fornecimento de insumos e soluções automatizadas para a horticultura.
Por meio do Conselho de Desenvolvimento Econômico (Condec), o governo estadual firmou protocolos de intenção com 80 empresas ao longo de 2025. Esses projetos têm potencial para gerar quase 12 mil empregos diretos e somam investimentos estimados em mais de R$ 10 bilhões, contemplando regiões como Cariri, Centro-Sul e Ibiapaba.
Em Morada Nova, no distrito de São João do Aruarú, a instalação da empresa Itaueira marcou o início de uma nova fase produtiva com o cultivo de melão e melancia. Atualmente, a operação gera cerca de 1.600 postos de trabalho diretos, com expectativa de alcançar 3 mil empregos nos próximos três anos. Os investimentos privados superam R$ 80 milhões.
A chegada do empreendimento foi viabilizada por investimentos públicos superiores a R$ 33 milhões na ampliação da rede de distribuição de energia, incluindo a construção de uma linha de 69 kV, garantindo infraestrutura adequada para toda a região e ampliando as oportunidades de desenvolvimento econômico.

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