quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Roberto Cláudio (PSB) classificou como graves preocupações a possibilidade de herdar mais de R$ 225 milhões em dívidas da atual gestão


Apesar do clima festivo da solenidade de diplomação, na noite de ontem, o prefeito eleito de Fortaleza Roberto Cláudio (PSB) classificou como graves preocupações a possibilidade de herdar mais de R$ 225 milhões em dívidas da atual gestão e a quantidade de terceirizados. Nesse último caso, ele questionou os números apresentados pela equipe de transição nomeada pela atual prefeita Luizianne Lins (PT). Também foram diplomados ontem o vice-prefeito Gaudêncio Lucena (PMDB) e 43 vereadores.

De acordo com Roberto Cláudio, a transição propiciou algumas informações, mas não todas, embora reconheça que houve “boa vontade” nas pessoas que estavam à frente da equipe petista. “Mas, infelizmente, muitas informações solicitadas não foram dadas. Por exemplo, o diagnóstico da situação dos terceirizados de Fortaleza. Há um profundo fosso entre o que está sendo dito e a situação que parece real”, duvidou.

Roberto Cláudio afirmou que faz parte da obrigação de cuidar bem do dinheiro público saber como está sendo gasto. Por isso, garantiu que, ao assumir a gestão, fará recenseamento de terceirizados e servidores. “Isso é uma coisa natural. Todo governo faz recadastramento dos servidores para saber as pessoas que estão trabalhando, onde estão, o que fazem”, disse. O recadastramento evidenciará a necessidade de órgãos específicos. Ele disse ainda que, em seguida, tomará decisões.
 
Dívidas
Embora a equipe de Luizianne tenha afirmado, na última terça-feira, que a real situação financeira do Município só será conhecida ao fim da gestão, Roberto Cláudio reforçou que há “grave preocupação”. “O déficit financeiro identificado é público. É só olhar no Portal da Transparência. No fim de novembro, já vinha um déficit de R$ 225 milhões. E o que é pior: já havia previsão de gastos que são obrigatórios ao fim de dezembro e que podem impor o aumento desse déficit”.

Ainda assim, ele demonstrou expectativa de que Luizianne consiga contornar o problema até o fim da gestão, para não trazer “sérias consequências para a próxima gestão”. Na avaliação dele, entre as licitações lançadas pela atual prefeita neste mês, há algumas sem nenhuma urgência e que oferecem riscos de comprometer as prioridades da próxima gestão.

Por outro lado, Roberto Cláudio destacou que sua tarefa será resolver os problemas e não reclamar. “Tenho apenas que tornar público. Mas agora é arregaçar as mangas e gerenciar bem a cidade de Fortaleza”, disse.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Com promessas a serem cumpridas ainda no primeiro ano de gestão, a preocupação de herdar dívidas da atual gestão preocupa o prefeito eleito Roberto Cláudio, que terá a Copa do Mundo em seu segundo ano de mandato.

Saiba mais

Com contas de campanha aprovadas com ressalvas, Roberto Cláudio argumentou que não houve nenhum questionamento de ordem legal ou moral. “As contas foram aprovadas. Essa coisa da ressalva é um questionamento para o futuro, para que algumas normas venham a ser mudadas. O caso específico da nossa ressalva tratou de um gasto específico que é legal, feito entre o registro da candidatura e a abertura da conta. A lei prevê isso”, disse.

Bastidores
O auditório da Fábrica de eventos, onde foi realizada a diplomação dos eleitos, ficou abarrotado de políticos e familiares. O primeiro a receber o diploma foi Roberto Cláudio. A juíza eleitoral Maria do Livramento, que deu início à solenidade, abriu mão de sua prerrogativa e disse que “seria mais interessante” que o governador Cid Gomes, presente à mesa, entregasse o diploma a RC. E assim foi feito.
 
A entrega do diploma foi feita individualmente a cada vereador. A cada entrega, uma pausa para várias fotos e alguns improvisos. Na sua vez de receber o documento, o vereador Carlos Mesquita (PMDB) levou ao palco uma grande faixa, com as fotografias da prefeita Luizianne Lins (PT) ao lado do futuro chefe do Executivo municipal, Roberto Cláudio, e dos ex-prefeitos Juraci Magalhães e Antônio Cambraia.
 
Mesquita contrariou seu partido e não se envolveu pessoalmente na campanha de RC, mas, perguntado por um dos integrantes da plateia, admitiu que “já mudou de lado” e aderiu à base aliada.

Mesmo declarada inelegível pela Justiça Eleitoral, por suspeitas de compra de votos para o irmão (deputado estadual Carlomano Marques, do PMDB), a vereadora reeleita Magaly Marques (PMDB) foi diplomada ontem normalmente. A decisão do TRE sobre sua inelegibilidade ainda será publicada oficialmente e, depois, a vereadora ainda terá prazo para recorrer.
 
A vereadora eleita Toinha Rocha (Psol) foi uma das que mais chamaram a atenção da plateia. No momento em que seu colega de partido, João Alfredo, subiu ao palco para receber o diploma, a vereadora gritou: “20 mil votos! E sem a máquina. Sem a máquina”. Toinha se referia à máquina pública da Prefeitura e do Governo do Estado.
 
Todos os vereadores, aliados ou opositores, fizeram questão de cumprimentar o governador e RC. Um dos mais ferrenhos críticos de Cid, o vereador eleito Capitão Wagner (PR) foi cumprimentado de pé, com um sorriso e um “parabéns”, pelo governador.

FONTE: O Povo Online

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