O governador Cid Gomes, depois das veementes declarações da última quinta-feira, manchete principal deste Diário do Nordeste de ontem, não tem mais nada a conversar com a prefeita Luizianne Lins sobre a sucessão municipal, em Fortaleza. E se conversarem, um dos dois terá claudicado. Ao afirmar estar "quite" com a prefeita e a ela não dever satisfação sobre os seus contatos relacionados à eleição em Fortaleza, Cid registrou explicitamente o seu afastamento da aliança com ela, iniciada em 2006, na eleição estadual.
O rompimento, só agora tornado público, era perceptível por todos quantos acompanham a política cearense, apesar dos discursos de ambos em defesa da sua manutenção, contrariando as ações em direção oposta, tanto da parte do PT quanto do PSB. Só a questão nacional, parece, agora esclarecida, freava o governador. Ele deixou muito claro esse ponto ao dizer só estar interessado em manter sua ligação com o PT no plano nacional, tema tratado com o ex-presidente Lula, na terça-feira passada.
Tenso
Esse encontro com Lula constava da agenda do governador cearense como determinante desde o momento em que ele pressentiu faltar espaço para o diálogo com a prefeita, corroborado com os números das pesquisas contratadas pelo Governo para avaliação do quadro político, demonstrando a insatisfação do fortalezense com a gestão municipal e recomendando que os dois sigam caminhos diferentes na eleição próxima.
Em mais de uma oportunidade, neste espaço, nos reportamos às pesquisas não publicáveis, resumidas pela última contratada ao Ibope, e liberada pelo PSB para publicação, afetando, consideravelmente, o tenso ambiente petista.
Cid ficou surpreso com o volume de informação da administração e da política de Fortaleza demonstrado por Lula. Ele não precisou argumentar muito para obter a concordância do ex-presidente sobre a dificuldade da manutenção da aliança local, inclusive, também, pela discordância do PMDB em apoiar o nome apontado por Luizianne para ser o candidato. PSB e PMDB, por afirmações de seus líderes, entendem que a prefeita quer impor o nome. E Cid diz não aceitar imposição.
Irritante
Esse discurso, contra a imposição, tem sido feito pelo governador desde o primeiro momento da discussão sobre a eleição na Capital. Por sinal irritante para Luizianne e os seus companheiros de gestão. Se o governador não descia a detalhes da administração de Fortaleza, para justificar o seu discurso de votar em um petista, para fazer diferente, seus irmãos Ciro e Ivo Gomes enfatizavam os pontos sofríveis da atual gestão a reclamarem uma revolução no modelo de gerenciamento da coisa pública pelo Executivo municipal.
Se a concordância do ex-presidente com os argumentos do governador vão resultar em mudança no quadro atual, de ruptura da aliança entre PT, PSB e PMDB, só o tempo dirá. Não é fácil apagar tudo que aconteceu, nos últimos meses, sobretudo os dos últimos dias, para Cid e Luizianne voltarem a se apresentar, em um mesmo palanque, neste ano. Ele ficará devendo muitas explicações se for convencido por Lula a pedir votos para Elmano. E ela, se deixar de continuar levando a candidatura do seu secretário de Educação, sobretudo agora, dará uma demonstração de fraqueza e adeus à liderança que exerce dentro do PT. Este é um momento muito difícil na vida política da prefeita, próximo a se despedir da Prefeitura para ingressar no mundo sombrio dos sem mandatos.
Em razão dessa realidade, Lula satisfaria aos aliados do PSB e do PMDB, se não tivesse qualquer participação na disputa em Fortaleza. É possível que isso tenha sido ventilado, pois assim, todos, inclusive o PCdoB e até o PDT, poderiam disputar, independentemente, no primeiro turno, com perspectivas de alianças no segundo turno.
Esclarecendo
O deputado Sérgio Aguiar, citado neste espaço no último domingo, apresentando um relatório extraído do site do TCM, sobre as contas de duas prefeituras cearenses, disse não ter dado informação errada ao deputado Antônio Carlos, para justificar a rejeição de um requerimento do deputado Heitor Férrer.
EDISON SILVAEDITOR DE POLÍTICA-DIÁRIO DO NORDESTE.
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