Há 12 anos no comando político do país e tendo a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, liderando a disputa ao Palácio do Planalto, o PT enfrenta este ano grandes dificuldades nos principais estados brasileiros e que concentram quase 80% do eleitorado nacional. Nos dez maiores colégios eleitorais do país e no Distrito Federal, o partido da presidente lidera a disputa aos governos locais em apenas um deles: Minas Gerais. Em dois, não apresentou candidato e, nos demais, varia entre a segunda e a quarta posição.
Embora em Minas o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio do governo Dilma Fernando Pimentel lidere com folga, o estado é reduto do presidenciável Aécio Neves. De acordo com pesquisa do Instituto Datafolha divulgada ontem e realizada entre os dias 12 e 13 deste mês, Pimentel tem 29% das intenções de voto, contra 16% do candidato do PSDB, Pimenta da Veiga. A eleição neste estado, no entanto, tende a se acirrar com o início da propaganda eleitoral de TV, na próxima semana. Apesar de mineiro, Pimenta estava radicado há 20 anos em Brasília e retornou a Minas a pedido de Aécio para disputar a eleição. O tucano conta com a força do ex-governador para subir.
SÃO PAULO: O PIOR QUADRO
O cenário mais difícil para os petistas é o de São Paulo. O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha patina na terceira posição, com 5% das intenções de voto, segundo Datafolha desta semana. No levantamento anterior do mesmo instituto, de 15 e 16 de julho, Padilha tinha 4%. Ou seja, em um mês, oscilou muito pouco e dentro da margem de erro. No maior estado do país, Padilha enfrenta a preferência de 55% dos eleitores pelo tucano Geraldo Alckmin, que concorre à reeleição, e por Paulo Skaf (PMDB), que tem mais que o triplo do percentual do petista, 16%.
No Rio, o senador Lindbergh Farias (PT) também enfrenta problemas. Ele manteve os mesmos 12% do mês passado na pesquisa Datafolha, enquanto o peemedebista Luiz Fernando Pezão passou de 14% para 16%. O adversário teve uma oscilação pequena, mas para cima. Ainda mais à frente de Lindbergh estão o senador Marcelo Crivella (PRB), que tem 18% e o ex-governador Anthony Garotinho (PR), que no Datafolha de ontem assumiu a liderança isolada, com 25%.
O cenário se repete país afora. Ministra do governo Dilma, a senadora Gleisi Hoffmann, que foi chefe da Casa Civil até abril passado, está bem atrás dos primeiros colocados no Paraná. O governador tucano Beto Richa tem 39%, o senador peemedebista Roberto Requião aparece na segunda colocação, com 33%, enquanto a petista tem apenas 11%. Na Bahia, o candidato à sucessão do petista Jaques Wagner, seu ex-secretário da Casa Civil Rui Costa estabilizou na terceira posição, com 8%, segundo pesquisa Ibope de 23 de julho. O candidato mais forte na Bahia é o ex-governador Paulo Souto (DEM), líder isolado, com 42%,, seguido da senadora Lídice da Mata (PSB), com 11%.
NO RS, RESISTÊNCIA
No Rio Grande do Sul, o governador Tarso Genro (PT) começou a disputa à reeleição liderando. Nas primeiras semanas da campanha, no entanto, a senadora Ana Amélia (PP) empatou tecnicamente e, agora, ultrapassou o petista. Ela tem 39% no levantamento mais recente do Datafolha, divulgado ontem, e Tarso aparece com 30%. No Ceará, o candidato petista, Camilo Santana, está em segundo lugar, com 19%, contra 47% do senador Eunício Oliveira (PMDB). Santana tem o apoio do governador Cid Gomes (PROS), desafeto do peemedebista.
Em Santa Catarina, o governador Raimundo Colombo (PSD) lidera com 40%. O petista Cláudio Vignatti aparece com 6% em pesquisa Ibope divulgada dia 16 de julho, na terceira colocação. Em segundo lugar, está o tucano Paulo Bauer. Em Pernambuco, sétimo maior colégio eleitoral, e no Pará, nono em número de eleitores, o PT não lançou candidatos aos governos estaduais. O apoio petista em Pernambuco foi dado ao senador Armando Monteiro (PTB), que lidera as pesquisas. No Pará, os petistas se aliaram a Helder Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho. A composição foi fechada nacionalmente, com a bênção da presidente Dilma.
No DF, o governador petista Agnelo Queiroz está em segundo lugar, com 19%, bem atrás de José Roberto Arruda (PR). O ex-governador, que ficou conhecido nacionalmente ao ser flagrado em um vídeo recebendo dinheiro no escândalo do mensalão do DEM, lidera com 35%, mesmo tendo o registro da candidatura impugnado pela Justiça Eleitoral do DF. Arruda recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral e ainda não há certeza sobre sua permanência na disputa deste ano.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) avalia que os candidatos do PT crescerão ao longo da campanha e que ainda é cedo para analisar resultados. Ele cita o caso de Padilha, que está bem atrás nas pesquisas em São Paulo:
— É muito cedo. Têm alguns estados que são marcados por divisões, como o Rio Grande do Sul, e o governador Tarso Genro já está diminuindo a diferença. Em São Paulo, não acredito que Padilha fique com o percentual que está. Na Bahia, nosso candidato é pouco conhecido. Mas temos uma situação de conforto no Acre.
Já o professor de ciência política da UnB David Fleischer acredita que os candidatos do PT aos governos estaduais estão sendo afetados por dois fatores: o desgaste do PT nacional, ou seja, do governo da presidente Dilma Rousseff, e a divisão da base aliada. Ele citou o problema entre os maiores parceiros nacionais — PT e PMDB — que não quiseram se aliar em muitos estados, como no Rio:
— O PT não quis se aliar ao PMDB em muitos estados e vice-versa. Diria que principalmente o PT não quis se aliar. É um complicador não ter palanque unificado. Mas há questões regionais, como no Rio Grande do Sul, onde, nos últimos três anos, o governo de Tarso Genro enfrentou problemas com a questão fiscal.
* com informações do jornal O Globo
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