No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 acelerou para 7,36%. O número é bem maior que o teto da meta do Banco Central (6,5%) para o IPCA fechado. Com isso, é possível que o indicador de fevereiro, a ser divulgado no início de março pelo IBGE, se distancie ainda mais do objetivo do governo. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o IPCA-15 já registra alta de 2,23%.
ENERGIA TEM O MAIOR IMPACTO
Tradicional "vilão" da inflação de fevereiro, o reajuste das mensalidades escolares influenciou o resultado deste mês. A taxa chegou a 7,29%, segundo o IBGE, levando a inflação do grupo educação a 5,98%. O maior aumento foi registrado no Rio de Janeiro, onde as mensalidades subiram 9,78%.
Neste ano, no entanto, o custo com educação não foi o único a pressionar o indicador do mês. Em meio à crise do setor elétrico, o preço da energia respondeu pelo maior impacto individual sobre o IPCA-15 (0,23 ponto percentual), devido ao aumento de 7,7% nas contas de luz. Segundo o IBGE, o consumidor continua a sentir no bolso o peso do sistema de bandeiras tarifárias, que incluiu uma taxa extra nas tarifas desde janeiro.
"Além de reajustes nas tarifas de algumas regiões e de movimentos na parcela de impostos, o item refletiu a complementação do efeito do Sistema de Bandeiras Tarifárias, modelo de cobrança que passou a vigorar a partir de 1º de janeiro", destacou o instituto, em nota.
Por causa da alta das tarifas de energia, o grupo habitação registrou inflação de 2,17%, também influenciado pela alta no condomínio (condomínio (0,97%), mão de obra para pequenos reparos (0,91%), gás de botijão (0,89%), taxa de água e esgoto (0,68%) e aluguel residencial (0,65%).
GASOLINA E PASSAGENS DE ÔNIBUS PRESSIONAM TRANSPORTES
A pesquisa, que coletou preços entre 14 de janeiro e 11 de fevereiro, também refletiu os reajustes das tarifas de transporte público. Neste período, a passagem de ônibus aumentou, em média, 7,34%. Influenciaram esse resultado as altas em estados como Rio de Janeiro (13,34% a partir de 3 de janeiro), São Paulo (16,66% a partir de 6 de janeiro) e Curitiba (15,78% a partir de 6 de janeiro).
Com isso, a inflação do grupo transportes ficou em 1,98% em fevereiro, resultado também influenciado pela alta dos preços de combustíveis.
"A alta de 2,96% no litro da gasolina e de 2,54% no litro do diesel reflete o aumento das alíquotas de PIS/COFINS a partir de 1º de fevereiro. O etanol (3,55%) também pressionou o resultado. Além disso, subiram metrô (8,95%), automóvel novo (2,76%), táxi (2,50%) e conserto de automóvel (1,59%)", explicou o IBGE.
A boa notícia ficou por conta da inflação de alimentos, que desacelerou de 1,45%, em janeiro, para 0,85% neste mês. Ainda assim, alguns produtos da categoria tiveram fortes altas, como feijão carioca (10,07%), tomate (9,61%), hortaliças (7,71%), batata inglesa (6,77%) e pescados (3,62%).
MERCADO ESPERA IPCA DE 7,33% NO FIM DO ANO
Os dados são divulgados em meio a um pessimismo do mercado financeiro com a alta de preços neste ano. Desde janeiro, a mediana das projeções para o IPCA divulgada no relatório Focus, atualizado semanalmente pelo Banco Central, subiu de 6,56% para 7,33%. Se as previsões se confirmaram, o país chegará ao fim de 2015 com a inflação mais alta desde 2004.
Boa parte dessa preocupação se deve ao impacto dos chamados preços administrados, como combustíveis e tarifas de energia. Em janeiro, a mediana das projeções na sondagem do BC para a inflação desse grupo de produtos era de 8%. No relatório divulgado nesta segunda-feira, saltou para 10,4%.
No domingo, reportagem do GLOBO mostrou que a conta de luz pode subir até 70% neste ano, consequência da crise no setor elétrico. Já os preços de combustíveis já aumentaram no mês passado, com o repasse na bomba da alta de impostos anunciada pelo governo para ajudar a cumprir a meta fiscal.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário