quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Dilma Rousseff põe bancos públicos em sua cota pessoal


Concluído o processo de definição da nova equipe econômica, o mais trabalhoso e sensível desde sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff deve iniciar nesta semana as conversas para compor o novo ministério. PT e PMDB encabeçam a fila, seguidos dos demais partidos da coligação nacional. Dilma incluiu, em sua cota pessoal, a nomeação dos novos presidentes dos bancos públicos, que se subordinam tecnicamente aos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic).

Durante as tratativas para nomear o economista Joaquim Levy, de perfil ortodoxo, para o comando da política fiscal, e o senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE) para o Mdic, a presidente ressalvou que caberia a ela a indicação dos novos presidentes do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).



Dilma deu autonomia para que Levy determine os ajustes necessários na política fiscal, mas não abre mão de controlar de perto as políticas conduzidas pelos bancos públicos, como Minha Casa, Minha Vida, no caso da Caixa, linhas de crédito agrícola e programa de redução de juros (Bom para Todos), no caso do Banco do Brasil, e crédito empresarial no caso do BNDES. Além disso, vitrines de seu governo, como Bolsa Família e Pronatec operam com financiamento das instituições públicas.

Na campanha eleitoral, Dilma acusou seus adversários de quererem reduzir o papel dos bancos públicos. No segundo turno, em um debate com Aécio Neves (PSDB), afirmou que os governos petistas profissionalizaram os bancos públicos. "Quando chegamos ao governo, eles estavam sucateados, hoje são bancos fortes, representam uma parte fundamental de tudo o que o Brasil empresta", reforçou.

No momento, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, e o vice-presidente de Negócios e Varejo, Alexandre Abreu, disputam a indicação para a presidência do Banco do Brasil. Simultaneamente, o nome de Abreu é cogitado para a presidência do BNDES. Por sua vez, Dilma estuda nomear a atual ministra do Planejamento, de saída da pasta, Miriam Belchior, para o comando da Caixa, a fim de tocar a terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida.

A um mês da posse, Dilma tem confirmados os ministros da área produtiva. No próximo lote de anúncios, ainda sem data para ser divulgado, deve anunciar o atual ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, como sucessor de Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência. Além de compor o núcleo duro de aconselhamento político da presidente, Rossetto vai substituir Carvalho no diálogo com os movimentos sociais.

A presidente também vai confirmar a permanência da ministra Tereza Campello, de sua cota pessoal, no comando do Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa Bolsa Família.

No conjunto de reivindicações do PT, falta definir os postos de dois nomes bem cotados na sigla, com quem Dilma mantém boa relação pessoal: o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ex-presidente do PT-SP e deputado estadual, Edinho Silva, que foi tesoureiro da campanha. Wagner é cotado para o Ministério da Integração Nacional e para a pasta das Comunicações. O PT quer manter as pastas da área social, como Saúde e Educação.

Por fim, a definição do PMDB é um jogo de xadrez, porque Dilma tem de acomodar indicações da bancada do partido no Senado, na Câmara, e da cota pessoal do vice-presidente Michel Temer. Na engenharia interna, pemedebistas até admitem perder o Ministério de Minas e Energia, mas reivindicam, em contra-partida, a Integração Nacional.

A indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura foi digerida pelos senadores. Agora o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), e o líder da bancada, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disputam entre si a segunda indicação. Braga cobiça Minas e Energia, enquanto Eunício mira a Integração.

Em contrapartida, o suplente de deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS) - ligado a Michel Temer, e representante do PMDB na coordenação da campanha de Dilma -, trabalha nos bastidores para que os deputados assimilem a indicação de seu nome - apadrinhado por Temer - na cota da bancada. Ele pode assumir o Ministério do Turismo. Outro pemedebista cotado, com aval da Câmara, é o atual presidente da Casa, Henrique Alves (RN).

* Com informações do Valor Econômico via Ceará News7

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