quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

"Nós vamos entrar num caos", diz prefeitura de Caridade sobre a falta d´água



“Espera um pouquinho (antes de lavar as mãos), que a água chegou agora, pode estar suja”, avisa a comerciante Zélia Maria Rufino, antes de uma água marrom sair da torneira de uma lanchonete no Centro de Caridade, no Sertão Central, a 95 quilômetros de Fortaleza. Em 2011, o São Domingos, principal açude de abastecimento, secou. Desde aquela época, o problema de falta d’água já preocupava - principalmente a zona rural do município. Agora, os prejuízos à zona urbana de Caridade são cada vez mais frequentes. De acordo com a prefeitura, a sede passou a ser abastecida pela água de três poços perfurados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), desde 2012. A água, contudo, não chega todos os dias às torneiras.

“Vem de tempos em tempos, às vezes chega a ser de 15 em 15 dias. E quando chega é barrenta, não serve pra consumir. Tem de esperar limpar os canos”, conta o funcionário público Maninho Cunha, 56. Ele explica que, para beber, só comprando água mineral. E diz que para o “serviço de casa” enche a caixa com água que ele busca em um poço público no Alto da Bela Vista, a cerca de dois quilômetros do Centro. “Lá é só ir buscar, não paga, mas para quem não tem transporte é mais difícil”, explica.

Para o representante de assuntos ligados a água da prefeitura de Caridade, Arcelino Tavares, o prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) - que indica 64% de chance do acumulado de chuva ficar abaixo da média nos próximo três meses – é tido como “extremamente preocupante”. “Se hoje nós estamos vivenciando essa situação de dificuldade, nós vamos entrar num caos. A nossa esperança hoje é que tenha chuva pelo menos pros açudes. Apesar de todo esforço que tem sido feito, a gente fica apreensivo”, pondera.

Esforços

Um desses esforços citados por Tavares é o programa Garrafão Saúde. Iniciado em agosto de 2013 em comunidades rurais, o programa da prefeitura distribui atualmente, segundo levantamento do próprio órgão, 4.552 garrafões de 20 litros de água a 1.323 famílias de 31 localidades. Há quatro meses, 295 dessas são famílias de 13 localidades da sede da cidade.

Como ontem foi dia de água encanada, o movimento no poço e no chafariz na praça atrás da Igreja Matriz diminuiu, mas os moradores relatam que são comuns as filas em busca de encher baldes e garrafas com água. E há ainda quem compre, como no comércio de dona Zélia, que chega a precisar de 8 mil litros de água por semana, comprados a R$ 100.

Saiba mais

A prefeitura diz que a água encanada não chega todos os dias nas casas devido ao sistema de rodízio de bairros da Cagece. Procurada na noite de ontem, a Cagece não respondeu até o fechamento desta matéria.

Em dezembro, foi inaugurada uma adutora que liga o açude de General Sampaio (com 2,7% da capacidade) a Canindé . Segundo Arcelino Tavares, “a água da adutora chegou em pontos da comunidade de São Domingos, mas ainda não na sede da cidade”.

A Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) explicou que há duas adutoras. A primeira, em São Domingos, inativada pela escassez de água no açude homônimo. A segunda, com recursos do açude General Sampaio, estaria funcionando desde a inauguração. Conforme a Cogerh, a operação foi “suspensa nos últimos dias para manutenção da infraestrutura”, mas isso “não afetou o abastecimento da sede municipal”.


Fonte: O Povo Online.
Domitila Andrade
ENVIADA A CARIDADE

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