“Vem de tempos em tempos, às vezes chega a ser de 15 em 15 dias. E quando chega é barrenta, não serve pra consumir. Tem de esperar limpar os canos”, conta o funcionário público Maninho Cunha, 56. Ele explica que, para beber, só comprando água mineral. E diz que para o “serviço de casa” enche a caixa com água que ele busca em um poço público no Alto da Bela Vista, a cerca de dois quilômetros do Centro. “Lá é só ir buscar, não paga, mas para quem não tem transporte é mais difícil”, explica.
Para o representante de assuntos ligados a água da prefeitura de Caridade, Arcelino Tavares, o prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) - que indica 64% de chance do acumulado de chuva ficar abaixo da média nos próximo três meses – é tido como “extremamente preocupante”. “Se hoje nós estamos vivenciando essa situação de dificuldade, nós vamos entrar num caos. A nossa esperança hoje é que tenha chuva pelo menos pros açudes. Apesar de todo esforço que tem sido feito, a gente fica apreensivo”, pondera.
Esforços
Um desses esforços citados por Tavares é o programa Garrafão Saúde. Iniciado em agosto de 2013 em comunidades rurais, o programa da prefeitura distribui atualmente, segundo levantamento do próprio órgão, 4.552 garrafões de 20 litros de água a 1.323 famílias de 31 localidades. Há quatro meses, 295 dessas são famílias de 13 localidades da sede da cidade.
Como ontem foi dia de água encanada, o movimento no poço e no chafariz na praça atrás da Igreja Matriz diminuiu, mas os moradores relatam que são comuns as filas em busca de encher baldes e garrafas com água. E há ainda quem compre, como no comércio de dona Zélia, que chega a precisar de 8 mil litros de água por semana, comprados a R$ 100.
Saiba mais
A prefeitura diz que a água encanada não chega todos os dias nas casas devido ao sistema de rodízio de bairros da Cagece. Procurada na noite de ontem, a Cagece não respondeu até o fechamento desta matéria.
Em dezembro, foi inaugurada uma adutora que liga o açude de General Sampaio (com 2,7% da capacidade) a Canindé . Segundo Arcelino Tavares, “a água da adutora chegou em pontos da comunidade de São Domingos, mas ainda não na sede da cidade”.
A Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) explicou que há duas adutoras. A primeira, em São Domingos, inativada pela escassez de água no açude homônimo. A segunda, com recursos do açude General Sampaio, estaria funcionando desde a inauguração. Conforme a Cogerh, a operação foi “suspensa nos últimos dias para manutenção da infraestrutura”, mas isso “não afetou o abastecimento da sede municipal”.
Fonte: O Povo Online.
Domitila AndradeENVIADA A CARIDADE
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