O deputado Jair Bolsonaro viveu em Porto Alegre por dois dias uma prévia do que será a sua campanha como candidato da direita militarista à presidência da República em 2018.
Ele ainda não se declara candidato (provavelmente terá que trocar de partido), mas sua visita à cidade foi preparada através de redes sociais e uma claque de umas 200 pessoas estava no Aeroporto Salgado Filho para recebê-lo.
Em seguida participou de várias entrevistas previamente agendadas em emissoras locais.
À noite participou de um jantar em homenagem ao general Hamilton Mourão, destituído do Comando Militar do Sul em outubro do ano passado por fazer declarações políticas em evento num quartel em Santa Maria.
Nesta terça-feira à tarde participou de uma audiência pública na Assembléia Legislativa, que começou com conflito.
Manifestantes ligados à causa LGBT, movimentos de mulheres e de defesa dos direitos humanos promoveram um “beijaço”, como forma de protesto contra as posições homofóbicas do deputado.
Os manifestantes já se retiravam do auditório Dante Barone quando começaram as agressões. Segundo relatos dos presentes, a briga começou quando um manifestante pró-Bolsonaro agrediu uma manifestante do outro grupo.
Um repórter do Jornal do Comércio foi agredido com um soco no rosto por um senhor que o chamou de comunista. Outros profissionais da imprensa foram hostilizados e intimidados a deixarem o local sob gritos de “vendidos”. Um manifestante carregava um cartaz com um trocadilho entre RBS e PSol, sugerindo que a maior empresa de comunicação do estado seja de esquerda.
Após o tumulto, a porta que dá acesso ao auditório Dante Barone foi fechada pela segurança da casa e os manifestantes contrários ao deputado, impedidos de acessar o local.
Quem tentava entrar, ouvia dos seguranças da casa um pequeno questionário: É LGBT? É a favor ou contra o deputado Bolsonaro?
Do lado de dentro, a plateia era toda composta por apoiadores do deputado Jair Bolsonaro, que aplaudiam efusivamente as manifestações ao microfone, sobretudo quando estas acabavam em “fora PT”.
Do lado de fora, os manifestantes contrários relatavam as agressões e reclamavam da restrição ao acesso.
Direita recebe Bolsonaro como candidato
Na chegada ao aeroporto, segunda-feira, Bolsonaro foi recebido por um grupo de cerca de duzentas pessoas. Estapeou um boneco inflável com a imagem da presidente Dilma Rousseff e foi carregado por apoiadores que traziam instrumentos musicais e cartazes e cantavam “vamos para a rua para derrubar o PT” e “Queremos Bolsonaro presidente do Brasil”.
Ao longo de segunda e terça-feira, deu entrevistas em diversos meios de comunicação.
Em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, o deputado sinalizou com a possibilidade de trocar o PP pelo PSC para concorrer à presidência da República em 2018. A vaga para presidenciável no PSC estaria entre ele o deputado Edvaldo Dias Pereira, conhecido como Pastor Everaldo. Durante a entrevista, houve aglomeração em frente o estúdio e era possível ouvir diversos gritos de “fascista” e “mito”, além de hostilidades dirigidas ao repórter que colhia depoimentos do lado de fora.
O motivo da vinda de Bolsonaro a Porto Alegre, em meio ao recesso parlamentar, seria a troca do Comando Militar do Sul. O general Antonio Hamilton Martins Mourão foi afastado após fazer declarações polêmicas, em outubro passado, quando convocou militares da reserva para o “despertar de uma luta patriótica”. Para o seu lugar, foi designado o general Édson Leal Pujol, que foi comandante das tropas brasileiras no Haiti e estava na Secretaria de Economia e Finanças do Exército.
O evento “O atual cenário político brasileiro” foi promovido pela bancada do PP na Assembleia e contou com a presença dos deputados federais Luis Carlos Heinze e Covatti Filho, e estaduais Sérgio Turra, Adolfo Brito e João Fischer, todos do PP.
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