O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, foram intimados pelo Ministério Público de São Paulo a depor sobre o tríplex no condomínio Solaris, em Guarujá (SP), na condição de investigados.
Também foram chamados o dono da OAS, Léo Pinheiro —preso na Operação Lava Jato—, e o engenheiro da empreiteira Igor Pontes, que teria participado de uma reforma no imóvel.
O depoimento do ex-presidente foi marcado para o dia 17 de fevereiro, e o pedido foi feito pelo promotor Cássio Conserino, que diz haver indícios de que os investigados tentaram esconder a real identidade do apartamento, situação que configuraria crime de lavagem de dinheiro.
O promotor afirmou que irá oferecer denúncia à Justiça contra o ex-presidente, informação publicada pela revista "Veja" no último fim de semana.
Há dois dias, a 22ª fase da Operação Lava Jato, denominada Triplo X em referência ao tríplex, tinha entre os alvos as transações envolvendo o imóvel.
Em seu despacho sobre a operação, o juiz federal Sergio Moro afirma haver a suspeita de que a empreiteira OAS "teria utilizado o empreendimento imobiliário no Guarujá para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras".
Lula e a equipe de advogados dele se reúnem nesta sexta-feira (29) para traçar estratégia de defesa, conforme revelou a Folha.
Outro imóvel ligado a Lula, um sítio em Atibaia que está em nome de sócios de um filho do petista, também está sendo investigado. A Folha revelou nesta sexta (29) que outra empreiteira, a Odebrecht, realizou uma reforma no local.
TRÍPLEX EM GUARUJÁ
No Condomínio Solaris
Bancoop: Cooperativa de prédios residenciais começou a construção do Condomínio Solaris
João Vaccari, ex-tesoureiro do PT (foto): foi diretor e presidente da Bancoop, que ao ser fundada em 1996, tinha Ricardo Berzoini como diretor técnico
Condomínio: Petistas como Freud Godoy, ex-assessor de Lula, e Heitor Gushiken, primo do ex-dirigente do PT Luiz Gushiken, compraram unidades
Lula: Adquire a opção de compra do tríplex (foto). Declarou ter pago R$ 47,7 mil, junto com sua mulher, Marisa Letícia, por parcela de apartamento em construção e diz ter feito pagamentos até 2010, mas não informou o total despendido
Bancoop: Cooperativa passou por crise. Três mil associados de 8 mil não receberam seus apartamentos
OAS, acusada de envolvimento na Lava Jato: Condomínio foi repassado à OAS. Heitor Gushiken disse a “O Globo” que OAS pode ter assumido a obra por influência de Lula
Tríplex: A OAS ofereceu aos cooperados, ou pagar mais R$ 120 mil para manter o apartamento ou receber o investido em 36 vezes
João Vaccari: Foi denunciado por suspeita de desvio de dinheiro da cooperativa para abastecer campanhas do PT
OAS: começou reforma de R$ 770 mil no imóvel reservado para Lula, que incluiu elevador privativo
João Vaccari: Foi preso na Lava Jato sob suspeita de desviar recursos da Petrobras ao PT
Investigações: O Ministério Público de SP investiga suspeita de lavagem de dinheiro em transferência de empreendimentos da Bancoop para a OAS
Lula: Em novembro, depois da publicação de reportagens sobre o imóvel, a família anunciou que desistiu de ficar com o tríplex
Apartamentos alvo da Lava Jato: 164A (tríplex ligado a Lula, em nome da OAS), 133A (de Freud Godoy), 43A e 44A (ligados à família de Vaccari), 163B (em nome da Murray) e outras 8 unidades da OAS
Investigações: Lava Jato investiga se OAS repassou propina através do condomínio e se há laranjas ocultando proprietários dos apartamentos
Depoimentos ligam Lula à reforma
> Wellington da Silva, ex-funcionário da OAS: disse que abriu a porta do tríplex para que Lula entrasse acompanhado pelo coordenador de engenharia da OAS, Igor Pontes
> Armando Magri, sócio da construtora responsável pela reforma: disse que estava no tríplex quando foi surpreendido com a chegada de Marisa Letícia, acompanhada de seu filho Fábio Luis, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e engenheiro da OAS
> José Afonso Pinheiro, zelador: disse que Lula e Marisa estiveram no tríplex duas vezes, quando a OAS limpou a unidade e a decorou com flores
As suspeitas sobre Vaccari
As suspeitas sobre Vaccari
Sua mulher declarou possuir imóvel que está em nome de uma funcionária da OAS. Sua cunhada, por sua vez, havia pago R$ 150 mil pelo imóvel em construção e o vendeu à OAS por R$ R$ 432,7 mil em 2013. A própria OAS revendeu o apartamento por R$ 337 mil
É uma offshore sediada no Panamá aberta pela Mossack Fonseca, empresa suspeita de fornecer serviços ilícitos para pessoas ocultarem dinheiro no exterior. A Mossack abriu offshores para ao menos quatro investigados na Lava Jato e está envolvida em outras ações da PF
Frederico Barbosa, engenheiro da Odebrecht, admitiu ter atuado na reforma no sítio. Diz ter trabalhado nas férias e não ter cobrado pelo serviço
Donos do sítio são sócios de Fábio Luis, filho de Lula
Fábio Luis, filho de Lula
Jonas Suassuna
Empresário dono do Grupo Gol, que atua no mercado editorial
Fernando Bittar
Empresário, filho de Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas, e um dos melhores amigos do presidente Lula, conhecendo desde infância a família
Comerciantes locais, políticos e amigos relatam que a família do ex-presidente frequenta o sítio quase semanalmente
Empreiteiras investigadas pela Lava Jato
Odebrecht
Segundo uma fornecedora e um prestador de serviços da obra, a empreiteira realizou a maior parte das obras no sítio
OAS
Além da suspeita sobre a Odebrecht, a PF já investiga se a empresa beneficiou a família de Lula. A apuração surgiu após a revista "Veja" publicar que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro reformou o sítio a pedido do petista
Operação Lava Jato
Executivos da OAS e Odebrecht foram denunciados por envolvimento em corrupção na Petrobras
Fonte: Folha de S. Paulo.
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