domingo, 13 de julho de 2014

Lição para o Brasil. O tetra alemão começou a ser construído em 2006.

1ap16 Lição para o Brasil. O tetra alemão começou a ser construído em 2006. Foi concretizado hoje, aqui no Maracanã, com um gol espetacular de Götze. Messi e sua Argentina choram o vice na Copa das Copas...

A Alemanha se impôs. Não só fisicamente. Mas no talento. Um gol de Göetze para ficar na história. Marcado aos sete minutos da prorrogação. Ajeitou cruzamento com o peito e chutou com talento raro, sem deixar a bola cair.

Gol para dar o merecido tetracampeonato alemão. Ele conseguiu roubar a cena de Messi, mero coadjuvante na final de hoje, aqui no Rio de Janeiro. Não foi desta vez que ele se igualou a Maradona e ganhou uma Copa.

Vitória merecida do planejamento alemão, que começou em 2006. Plantou, colheu...

A Copa das Copas dentro do campo teve uma final digna de encher os olhos. Pela tradição e pela modernidade ao mesmo tempo. Foi uma batalha tática impressionante. De envergonhar quem acompanhou de perto as sete partidas do Brasil.

Na festa que deveria ter o Brasil como anfitrião, chegaram as duas melhores seleções da Copa. As que provaram que futebol é muito mais do que o improviso. A Alemanha de Low foi preparada com todo o esmero por oito anos, com o objetivo de decidir e ganhar o Mundiaal de 2014.

Já a Argentina, não. Sabella assumiu há três anos e meio. Depois do fiasco do país na Copa América. Sucedeu Sérgio Baptista. E tratou de valorizar quem merecia e precisava: Messi. O melhor jogador do mundo nunca esteve tão à vontade com a camisa do seu selecionado. Querido por imprensa, time e torcida. A ponto de vetar Tevez no selecionado e continuar vivo.

O confronto entre o tricampeão mundial europeu com o bicampeão sul-americano tinha duas propostas bem diferentes. Os confiantes, metódicos e ofensivos alemães assumiam o controle do jogo. Com Thomas Müller, Kroos e Öezil flutuando, trocando de posições. E na frente, Klose, fazendo o que Fred deveria ao menos tentar.


O artilheiro de todas as Copas é muito inteligente. Enquanto uma jogada acontece de um lado, ele atrai a atenção da zaga no outro. Abre espaço para os seus meias que tabelam ou fica pronto para o arremate.

Na marcação, os germânicos se recompunham com as duas linhas de quatro que sufocaram o Brasil. Grandes responsáveis pelos desesperados chutões dos zagueiros de Felipão.

O confronto era com um time preparado para a luta pela ocupação de espaço. Ninguém se engane com Sabella. Desde os tempos em que carregava Passarella nas costas, inclusive no Corinthians, sempre foi apaixonado por estratégia.

Espertamente, ele deixava Messi flutuando pelos lados do campo. Por onde quisesse. Para triangulações com Perez e Lavezzi. Eles costuravam, se criavam entre as duas linhas nas intermediárias.

E correndo pelos espaços vazios, em vez de ficar parado como um cone, Higuain. Mesmo vivendo uma péssima fase, ele preocupava demais os zagueiros de Loew.

Aos 20 minutos ficou mais uma provado que futebol não é xadrez. Em um erro absurdo de Kroos, que cabeceou para trás sem olhar, Higuain ficou cara a cara com Neuer. Mas, assustado com tanta facilidade, o chute foi ridículo, para fora.

Os alemães seguiram tentando encurralar os argentinos. Sabella recuava as suas duas linhas de marcação. Uma aposta ousada. Para que Messi, Higuain ou Lavessi encontrassem de frente a zaga germânica que tanto gosta de jogar em linha.

O time de Loew é o de maior força física de todo o Mundial. E levavam vantagem nas divididas e bolas pelo alto. Aos 46 minutos, Kroos cobrou escanteio e o edifício chamado Höwedes cabeceou na trave de Romero. Igualdade em tudo no primeiro tempo...

O segundo começou com uma alteração ousada de Sabella. Lavezzi ficou nos vestiários. Entrou o definidor Aguero para jogar com Messi e Higuain. Os argentinos começaram diferentes, pressionando a saída de bola. Trataram por cinco minutos os alemães como jogadores de seleção pequena.

Esse 'bote' quase deu resultado. Messi teve uma excelente chance, invadiu a área e chutou cruzado para fora. A pressão deu resultado. Loew teve de recuar seu meio de campo para ajudar a assustada zaga. Lances de xadrez entre os treinadores.

A Alemanha conseguia recuperar o domínio do jogo. Mas era evidente o medo dos times em sofrer o primeiro gol. As divididas passaram a ser mais fortes. Schweinsteiger sentia o ritmo da partida. Assim como Messi, parado na direita. Ambos não se movimentavam como de costume. E as duas seleções, lógico, sentiam.

Quando os times chegavam perto da grande área era um sufoco. Cada um com sua característica. A Alemanha com o futebol em bloco, com troca de passes conscientes. Já os sul-americanos tentavam as jogadas individuais. Impressionante era a recomposição dos dois times na marcação.


O tempo foi passando rápido e o passe final, certo, não vinha. As defesas levavam tranquila vantagem diante dos atacantes. Viria a prorrogação...

Desta vez foi Loew quem adiantou seu time. Retomava o controle da partida. Göetze deixou Schürrle livre diante de Romero. O chute saiu forte, mas em cima do goleiro argentino, que salvou.

A Argentina, matreira, buscava os contragolpes. A resposta veio de forma incrível. Palacios recebeu lançamento espetacular de Rojo, na cara de Neuer. Mas tremeu diante do goleiro alemão, batendo de canela para fora.

Schweinsteiger começou a correr na prorrogação e foi quem mais apanhou dos argentinos. Chetou a levar uma cotovelada maldosa de Agüero. Se o italiano Nicola Rizzoli não quisesse manter todos em campo, o havia expulsado.

Todos começavam a ter certeza dos pênaltis. Foi quando Götze que entrou no lugar de Klose roubou a cena. Aos sete minutos do segundo tempo da prorrogação, ele fez história. Schürrle cruza da esquerda. Ele mata a bola no peito e não a deixa cair. Marca um golaço. Digno de final de Copa do Mundo: 1 a 0, Alemanha.

Iluminado, o garoto de 22 anos fez justiça ao trabalho, ao planejamento sério. O título é uma lição a José Maria Marin, Luiz Felipe Scolari e Parreira. O 7 a 1 já mostra a diferença entre as duas filosofias de encarar o esporte de elite.

O futebol moderno não tolera mais improviso. A Copa do Mundo no Brasil é de quem mais trabalhou com competência. Ninguém tem coragem de questionar a Alemanha.

Texto de Cosme Rimoli do Portal R7

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