quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Lula descarta privatização dos Correios

 

FOTO: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira (18) que o governo federal está debatendo um processo de reestruturação dos Correios, empresa que atravessa um momento de desequilíbrio financeiro. Lula afastou qualquer possibilidade de privatização da estatal e afirmou que estão sendo analisadas alternativas para recuperar a companhia e torná-la novamente eficiente e sustentável.

Segundo o presidente, enquanto estiver à frente do país, a venda dos Correios não será considerada. Ele ressaltou, porém, que há espaço para a construção de parcerias estratégicas, inclusive com empresas estrangeiras e nacionais interessadas em cooperar com a estatal. Lula mencionou que grupos internacionais, como empresas italianas, já demonstraram interesse em dialogar, assim como companhias brasileiras. Ele também admitiu a possibilidade de mudanças no modelo jurídico da empresa, como a transformação em sociedade de economia mista, mas reafirmou que a privatização está fora de cogitação.

Para o chefe do Executivo, as dificuldades enfrentadas pelos Correios são resultado de problemas de gestão acumulados ao longo do tempo. Lula afirmou que o governo decidiu enfrentar a situação de forma direta e não descartou mudanças profundas na estrutura administrativa, incluindo substituições em cargos de comando, caso sejam necessárias.

Em setembro, o governo federal promoveu uma mudança na presidência da estatal. O atual dirigente, Emmanoel Rondon, apontou que o avanço da concorrência no setor de comércio eletrônico foi um dos fatores determinantes para o agravamento das finanças da empresa.

Já a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, destacou recentemente que o cenário foi ainda mais prejudicado pelo fato de administrações anteriores terem incluído os Correios em listas de possíveis privatizações, o que acabou desestimulando investimentos e ações de modernização.

Pouco tempo após assumir o cargo, Rondon apresentou um conjunto de medidas que compõem a primeira etapa do plano de recuperação financeira e operacional da estatal, com foco na sustentabilidade e atualização dos serviços. Entre as iniciativas, está a negociação de um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a instituições financeiras.

Também estão em andamento tratativas com o governo federal para a concessão de aval e eventual apoio do Tesouro Nacional. Segundo o Ministério da Fazenda, o montante a ser liberado deve ser inferior aos R$ 6 bilhões inicialmente solicitados pela empresa, e qualquer aporte estará condicionado ao cumprimento do plano de reestruturação.

Lula afirmou que, embora empresas públicas não precisem ter como objetivo máximo o lucro, elas também não podem operar de forma deficitária. Para ele, o equilíbrio financeiro é essencial para garantir a continuidade e a relevância dessas instituições.

Diante da crise enfrentada pelos Correios, o governo criou um novo mecanismo que permite que estatais federais não dependentes, ou seja, com receitas próprias, possam reorganizar suas finanças sem serem automaticamente classificadas como dependentes do Tesouro. Um decreto publicado na semana passada alterou as regras que tratam da transição entre empresas dependentes e não dependentes.

As declarações foram feitas durante um café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, seguido de entrevista coletiva. O presidente esteve acompanhado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima).

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