Após tragédia em Santa Maria, casas de shows, restaurantes e até prefeituras correm para se regularizarem
O aumento da fiscalização do Corpo de Bombeiros, após o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), tem provocado o aumento da venda de extintores de incêndio e dos serviços de recarga desses equipamentos. Em algumas lojas de Fortaleza visitadas pela equipe de reportagem, as vendas chegaram a crescer 340%, em média, na última semana. Empresários afirmam que a maior procura tem sido de casas de shows, restaurantes e condomínios residenciais. O preço dos extintores também aumentou. Em algumas lojas, os valores cresceram até 20%.
"Desde segunda-feira, a procura está absurda! Antes, normalmente, eu vendia em média 19 extintores por dia. Nesta semana, foram 66 por dia", conta Nelson Reis, proprietário de uma loja localizada no bairro José Bonifácio, que revende equipamentos contra incêndio há 20 anos. O empresário afirma que os mais vendidos têm sido os extintores de pó químico de 6 kg. "A procura por manutenção também está tão intensa, que não estou nem pegando extintor para recarga, porque a oficina está lotada", acrescenta.
Nelson comenta que muitos clientes que o procuraram na semana passada disseram que não possuíam nenhum extintor e que só alertaram para a necessidade após a tragédia em Santa Maria. "Outros chegam aqui sem saber qual o extintor adequado para o espaço que têm, daí a gente explica. Por exemplo, se você for apagar um incêndio provocado por uma pane elétrica, não pode usar extintor d´água, só o de pó", explica. Ele conta ainda que muitas pessoas têm a preocupação de ter o equipamento, mas não sabem utilizá-lo corretamente.
Exigência
O empresário Ricardo Conceição vai abrir um lava-jato nesta semana e foi um dos que procurou a loja de Nelson Reis para comprar extintores. De acordo com o cliente, o Corpo de Bombeiros exigiu que ele tivesse pelo menos dois equipamentos no estabelecimento. "Antes de eu abrir, eles vão fazer uma fiscalização para ver se está tudo certo", conta.
Em uma das distribuidoras de extintores de Fortaleza, no bairro Álvaro Weyne, o aumento nas vendas para revendedores e clientes diretos na última semana fez com que a empresa tivesse de fazer um pedido extra de 800 extintores ao fabricante. Segundo a gerente Ana Carla, o aumento das vendas foi de 80%. "Quando um incêndio como aquele de Santa Maria acontece, afeta todo mundo", conta.
A gerente afirma que a principal procura foi de casas de shows, seguidas por restaurantes. "Nós mesmos também estamos fazendo prospecção de clientes. Dessas empresas interditadas pelos bombeiros na semana passada, estamos entrando em contato com algumas, e outras já nos ligaram para regularizar a situação", ressalta.
Prefeituras e escolas também fazem parte do rol de clientes que procuraram a empresa na semana anterior. "70% deles vieram para comprar extintores novos, e outros 30%, para deixar os equipamentos para manutenção", acrescenta.
Ana Carla conta que a maioria dos clientes só tem voltado as atenções para os extintores, sem se preocupar com os outros equipamentos como mangueiras de hidrantes, placas de sinalizações, saídas de emergências e sprinkles (armadura, com cano ligado a uma tubagem de água, que geralmente fica no teto). De acordo com ela, a procura por esses equipamentos não tem crescido.
O revendedor autônomo de extintores Francisco Silveira também afirma que as vendas dos equipamentos aumentaram na semana passada. "Os clientes dizem que é por conta da fiscalização", comenta. No caso dele, a maior procura tem sido de extintores para automóveis.
Fonte: Diário do Nordeste.
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