Ao todo, 50 profissionais foram incorporados às nove UPAs administradas pelo ISGH; seis delas são estaduais
Diante da pandemia da Covid-19, a força de trabalho nas unidades hospitalares e postos de atendimento precisou ser ampliada. As Unidades de Pronto Atendimento 24h (UPAs 24h), por exemplo, passaram a contar com o serviço de Fisioterapia pela primeira vez para suprir a demanda e otimizar a força-tarefa da assistência aos acometidos pela doença.
Os profissionais foram contratados por meio de seleção temporária realizada pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Ao todo, 50 fisioterapeutas foram contratados temporariamente e distribuídos nas nove unidades administradas pelo ISGH. Seis delas são da rede pública estadual: UPA Messejana, UPA Praia do Futuro, UPA José Walter, UPA Canindezinho, UPA Autran Nunes e UPA Conjunto Ceará.
De acordo com a coordenadora de Fisioterapia das UPAs 24h, Andrea Braide, a inserção de fisioterapeutas nessas unidades otimiza o cuidado ao paciente e fortalece as equipes de atendimento, principalmente os pacientes afetados pela Covid-19. “Fizemos processo seletivo de caráter temporário para suprir a demanda devido à Covid-19. Porém, as respostas positivas pelo serviço desenvolvido estimula os planos para que esses profissionais atuem em regime celetista nas UPAs, de forma que possam continuar colaborando com maior eficácia nas intervenções das unidades de pronto atendimento”, explica.
Segundo Braide, as equipes ressaltam constantemente a diferença no trabalho da unidade – somado ao suporte de médicos e enfermeiros. Ela também destaca que os pacientes percebem a diferença no cuidado após a inclusão dos fisioterapeutas, principalmente durante e após a segunda onda da pandemia. “O objetivo inicial era que os fisioterapeutas atuassem na reabilitação de pacientes com coronavírus, mas, com a diminuição de casos de Covid-19, esses profissionais passaram a atuar também na recuperação de pacientes com AVC [Acidente Vascular Cerebral], doenças cardíacas e doenças pulmonares. São pacientes que, por diversos motivos, permanecem por mais tempo na UPA antes da transferência para um hospital”, pontua.
Fisioterapia Motora e Respiratória
O fisioterapeuta Wallysson Hugo trabalhou em diferentes UPAs ao longo da pandemia, principalmente usando técnicas e recursos que fossem para estímulo respiratório ou motor. “A Fisioterapia Motora é importante em situações em que o paciente crítico fica limitado ao leito. Após avaliação específica, posso estimular determinada função, seja de forma passiva ou assistida. Já na Fisioterapia Respiratória, realizamos o que é primordial quando o paciente está com suporte ventilatório, acompanhamos a mecânica respiratória, que é indispensável para a evolução do paciente. Inclusive é função do fisioterapeuta mantê-la da forma mais protetora possível para evitar danos futuros”, detalha.
“Foram experiências incríveis. É gratificante ver a equipe médica mais segura e confiante diante de uma intercorrência ou procedimento mais invasivo por ter um fisioterapeuta na equipe, assim como definir que o paciente não precisou de suporte ventilatório invasivo devido à intervenção e resultados da Fisioterapia. E percebemos também a gratidão dos pacientes por ter um fisioterapeuta para somar em seu tratamento”, acrescenta Hugo.
Fisioterapeutas atendem pacientes acometidos pela Covid-19 e na recuperação de pessoas com AVC, doenças cardíacas e pulmonares
Para Giselle Tibúrcio, que atuou como fisioterapeuta na UPA Autran Nunes durante três meses, o trabalho de urgência e emergência é desafiador. Ela já atua na área hospitalar há algum tempo, mas ressalta que trabalhar com assistência fisioterapêutica motora tem como maior intuito promover a funcionalidade, de acordo com as necessidades de cada paciente em ambiente emergencial.
A demanda direcionada ao fisioterapeuta pode ser de uma assistência fisioterapêutica respiratória e a habilidade para trabalhar os recursos existentes são otimizados com o manuseio que valoriza a prática da Ventilação Mecânica Invasiva e Não-Invasiva (capacete Elmo, Bipap), associada a técnicas manuais importantes para ajudar no tratamento do quadro respiratório do paciente.
“[A pandemia] tem sido um momento difícil para todos os profissionais que atuam em ambientes hospitalares, como UTIs [Unidades de Terapia Intensiva], mas o que mais me marcou foi ver a evolução e os resultados de cada paciente com a assistência fisioterapêutica e ver o meu trabalho sendo reconhecido, pois nós fazemos a diferença. Inclusive teve paciente que não precisou ser intubado por causa da evolução com o tratamento por meio da Fisioterapia e outros que ainda saíram de alta sem nem mesmo precisar de transferência para o hospital”, afirma Tibúrcio.
Benefícios da Fisioterapia
No caso dos pacientes com AVC, a Fisioterapia traz benefícios como facilitação do andar e aumento dos movimentos de braços e pernas. Para os pacientes com alguma doença cardíaca, os benefícios são melhorias no desempenho cardiovascular nas atividades da vida diária e no trabalho. Já para os pacientes com alguma doença no pulmão, há a Fisioterapia Respiratória, que busca melhorar o fornecimento de oxigênio para o organismo a fim de desobstruir as vias respiratórias e aumentar a capacidade de ventilação do pulmão.
“É por isso que a atuação desses profissionais tem sido fundamental para evitar piores condições de criticidade e garantir a melhoria do paciente. A Fisioterapia se faz cada vez mais necessária em qualquer unidade de saúde, para que assim possamos oferecer um atendimento cada vez melhor e pautado na excelência em saúde”, reforça Andrea Braide.
*www.ceara.gov.br
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