Uma caminhada de enfrentamento ao crack realizada pela campanha "crack, tô fora" marcou o sábado sobralense neste final de semana. Distante 230km de Fortaleza, Sobral é uma das cidades do interior que mais tem sofrido com os efeitos e mudanças sociais que o crack vem causando naquele município. Na tentativa de alertar a sociedade e o poder público de se criar métodos de enfrentamento a demanda dessa droga e formas de recuperação, o Instituto Filadélfia vem realizando ações desde o dia 28 de julho com a campanha "crack, tô fora". Camminhadas de protestos, palestras para alunos universitários, seminário, colagem de adesivos da campanha, visitas a famílias com problemas no crack, palestras em Igrejas, gravação de documentários e outras ações, vem moblizando diversos setores da sociedade no intuito de encontrar meios de enfrentamento aos perigos do efeito desta droga.
Na noite do último sábado 29, aproximadamente duas mil pessoas com faixas, cartazes e vestindo camisetas na campanha "crack, tô fora", realizaram uma caminhada de 2km até o Arco de Nossa Senhora, no centro da cidade. A organização do evento trouxe do Rio de Janeiro, o ex-traficante Carlos Amaral, ele contou como foi a sua vida no tráfico de drogas no complexo do Alemão (RJ) e revelou alguns segredos de como encontrar uma saída do crack, o documentário "a epidemia do crack em Sobral" foi exibido num telão e em seguida a banda Som e Louvor cantou por quase duas horas, animando os jovens e famílias presentes.
Wellington Macedo, presidente do Instituto Filadélfia falou do projeto de construir em Sobral o maior centro de recuperação de usuários do crack e outras drogas e torná-lo modelo no Brasil, mas fala da nescessidade de dispertar o interesse do poder público. "Nós temos um grande projeto e se o Governo do Estado, em parceria com o município e Governo Federal tiverem interesse, é possível sim construirmos um centro de recuperação para esses jovens, o custo chega a ser 50% mais barato que manter um presidiário, pois é este o destino do usuário do crack". Macedo conta que todos os dias vem sendo procurado por dezenas de mães de usuários que procuram ajuda, logo na chegada a concentração do evento, foi abordado por Dona Francisca Maria, mãe de uma jovem de 31 anos usuária do crack, uma cena chocante do desespero daquela senhora chorando pedindo um apoio e meio de recuperar sua filha. "Pelo amor de Deus, me ajude, eu não sei mais o que fazer com a minha filha que está morrendo no crack", foram estas, algumas palavras durante o encontro da mãe com Macedo, organizador do movimento contra o crack em Sobral.
Segundo o ministério público de Sobral, nos últimos dez meses o índice de crimes e pequenos furtos envolvendo adolescentes usuário do crack em Sobral já cresceu mais de 100%. Wellington Macedo conta que idéia de realizar uma campanha surgiu depois de sofrer um assalto em dezembro de 2008, o fato foi noticiado pelo DN, sua filha de 13 anos também foi assaltada por dois adolescentes armados, a iniciativa de lançar a campanha veio com um pedido do procurador da Assembléia Legislativa do Ceará, Dr. Reno Ximenes.