Na oportunidade, a estatal informou que o valor calculado não poderia ser utilizado como base de potenciais perdas ocasionadas pela prática de corrupção, dado que o valor justo dos ativos estava sujeito a outras variáveis. Haveria, portanto, forte impacto agora capturado pela prática de teste de impairment.
A Petrobras havia informado três meses atrás que, além do ajuste por valor justo dos ativos, uma segunda metodologia poderia ser utilizada para dimensionar as perdas com práticas fraudulentas. O número seria calculado a partir de um número médio de 3% sobre o valor de contratos alvo de investigação, conforme sugerido por pessoas investigadas na Lava Jato. Foi justamente esse o modelo adotado pela estatal no balanço divulgado nesta quarta-feira, 22.
A companhia considerou o número de 3% para estimar os gastos adicionais impostos sobre o montante total dos contratos identificados. Além disso, a Petrobras colocou em prática um trabalho de identificação da contraparte do contrato, dos contratos assinados com as contrapartes mencionadas no cartel de empresas que adotaram práticas fraudulentas e do período em análise, de 2004 a abril de 2012. A companhia também considerou o valor total dos contratos alvo de análise.
Além das perdas associadas à investigação da Lava Jato, o balanço foi afetado também por uma baixa de R$ 44,345 bilhões, ou R$ 32,089 bilhões líquidos de impostos, associada ao impairment. Com isso, a perda total da estatal com os dois ajustes atingiu R$ 50,539 bilhões no fechamento do ano passado.
Perdas
Em janeiro passado, a Petrobras divulgou o balanço referente ao terceiro trimestre de 2014, mas sem incorporar perdas relacionadas à investigação em andamento na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Na oportunidade, a companhia divulgou que poderia adotar duas metodologias para determinar qual foi a perda provocada por práticas de corrupção lideradas por ex-diretores da companhia. A primeira aplicaria um efeito médio de 3% sobre o valor de contratos recentes, conforme sugerido por pessoas investigadas na Lava Jato.
A segunda seria o cálculo com base no valor justo dos ativos. Essa segunda alternativa provocou turbulência no mercado, ao indicar que o valor justo de ativos com precificação inferior ao calculado no imobilizado somava R$ 88,6 bilhões - o que poderia sugerir, por exemplo, que o efeito provocado por práticas ilegais teria ocasionado uma perda de quase R$ 90 bilhões à maior empresa brasileira.
A companhia salientou, contudo, que o fato de o valor justo dos ativos estar em um patamar inferior ao valor contábil poderia ter outras explicações, assim como mudanças macroeconômicas (câmbio e custo de capital, por exemplo) ou novas projeções de preços (o petróleo caiu fortemente no final do ano passado). Por isso, a Petrobras não incorporou tais cálculos aos resultados não auditados do terceiro trimestre divulgados naquele momento.
Fonte: Diário do Poder
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