quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Fabrício Queiroz e ex-assessores de Flávio Bolsonaro são alvos de operação no Rio

 — Foto: Reprodução Instagram
Foto: Reprodução Instagram

Ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), entre eles Fabrício Queiroz, são alvos de 24 mandados de busca e apreensão tanto na cidade do Rio de Janeiro, como em Resende, sul do Estado. A informação foi confirmada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

As medidas cautelares estão sendo executadas no âmbito da investigação sobre lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público) no antigo gabinete do senador quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa.

São alvo das medidas cautelares os endereços de Fabrício Queiroz, ex-motorista e ex-chefe de segurança de Flávio, seus familiares e ainda parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro.


De acordo com o site G1, além da ex-mulher de Bolsonaro e do ex-motorista e ex-chefe de segurança de Flávio, são investigados Evelyn Queiroz, filha do ex-assessor; José Procópio Valle, ex-sogro de Bolsonaro; Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro; Francisco Diniz, primo de Ana Cristina; Daniela Gomes, prima de Ana Cristina; Juliana Vargas, prima de Ana Cristina; Maria José de Siqueira e Silva, tia de Ana Cristina; Marina Siqueira Diniz, tia de Ana Cristin; Guilherme dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina; e Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina.

As medidas cautelares atingem sobretudo ex-assessores que também tiveram sigilo fiscal e bancário quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio em abril. Ao todo, na ocasião, 96 pessoas e empresas foram alvo da decisão da 27ª Vara Criminal do Rio, cujo titular é o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau.

Suspeita de "rachadinha"

O Ministério Público do Rio de Janeiro suspeita de um esquema conhecido como "rachadinha" no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no período em que foi deputado estadual e manteve Queiroz como seu empregado (2007-2018). A prática consiste em coagir servidores a devolver parte do salário para os deputados.


Mensagens reveladas pelo jornal "Folha de S.Paulo" em outubro já mostravam a preocupação de Queiroz com as investigações do Ministério Público. Em áudios de WhatsApp, ele descrevia o caso como um problema "do tamanho de um cometa" e se queixava de falta de proteção.


A apuração sobre Flávio começou em janeiro de 2018 quando o antigo Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras), órgão federal hoje ligado ao Banco Central, enviou espontaneamente um relatório indicando movimentação financeira atípica de Queiroz de R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. Além do volume movimentado, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo em datas próximas do pagamento de servidores da Assembleia Legislativa do Rio.


Queiroz afirmou que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem o conhecimento do então deputado estadual. A sua defesa, contudo, nunca apontou os beneficiários finais dos valores.


Flávio, por sua vez, afirmava que quem devia explicações sobre a movimentação financeira era seu ex-assessor. Desde que o caso foi revelado, Queiroz teve raras aparições públicas. De acordo com sua defesa, ele está em São Paulo desde dezembro do ano passado para o tratamento de um câncer.


Apuração ficou parada por quatro meses


A apuração ficou pouco mais de quatro meses interrompida por liminar do ministro Dias Toffoli, do STF, alegando que o Coaf não poderia compartilhar dados detalhados das movimentações bancárias -tese que foi derrotada no plenário no início do mês. Embora estivesse empregado no gabinete de Flávio de 2007 a 2018, a origem da relação de Queiroz com a família Bolsonaro é o presidente da República. Os dois se conhecem desde 1984 e pescavam juntos em Angra dos Reis.


O PM aposentado também depositou R$ 24 mil na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro em 2016. O presidente afirma se tratar de parte da quitação de um empréstimo de R$ 40 mil. Queiroz também passou a ser uma dor de cabeça para a família presidencial para além da questão financeira. Foi o PM aposentado quem indicou duas parentes do ex-capitão Adriano da Nóbrega para ocupar cargos no gabinete de Flávio na Assembleia. O ex-PM é acusado de comandar uma das milícias mais violentas da cidade e é considerado foragido há quase um ano.


Em setembro, o Ministério Público do Rio abriu um terceiro inquérito para investigar denúncias de irregularidades no gabinete de Flávio. O objetivo é "apurar eventual improbidade administrativa decorrente do emprego de 'assessores fantasmas', isto é, pessoas investidas em cargo em comissão junto ao gabinete do então deputado estadual que não teriam exercido funções inerentes à atividade parlamentar".


Já existe um inquérito civil no MP-RJ para investigar uma eventual prática de improbidade administrativa no gabinete de Flávio -mas, nesse caso, sobre a devolução de parte dos salários de funcionários ao gabinete, ato conhecido como "rachadinha". Agora, segundo o Ministério Público, o objeto desse terceiro procedimento não é apurar a devolução de salários por funcionários, apenas se exerciam suas funções.


*Valor

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