Centro de Fortaleza está fechado durante isolamento social rígido decretado pelo governo do estado — Foto: José Leomar/Sistema Verdes Mares
Dados computados pelo Sistema de Monitoramento Preditivo (Simop), da Universidade Federal do Ceará (UFC), apontam que o estado deve chegar à estabilidade de casos confirmados e óbitos por Covid-19 em até 15 dias antes do que Brasil. A projeção apontada pelo estudo é que o Ceará tenha média móvel estável de casos já durante a primeira quinzena de abril e, de mortes, entre fim de abril e início de maio.
Na visão do professor André de Almeida, do Departamento de Engenharia de Teleinformática, que gerencia as atividades do Simop, a possibilidade de o Ceará ficar com casos e óbitos por Covid-19 estáveis antes do país decorre do isolamento social rígido (lockdown), determinado pelo governador Camilo Santana em todo o território cearense no dia 13 de março deste ano. As medidas mais restritivas devem ocorrer até, pelo menos, o dia 4 de abril.
"Se o Brasil todo tivesse adotado o lockdown, como aqui no Ceará, teríamos uma situação bem próxima da do Ceará, ou seja, esses platôs seriam na mesma época. Como o Brasil é muito heterogêneo e diversas regiões do País não adotaram o lockdown, esse atraso entre o que aconteceu no Ceará e o que tá acontecendo no Brasil de uma forma geral, em grande parte, explica o fato de que o Ceará está chegando num platô antes do que a média do País", afirma o pesquisador.
Comparativo entre platôs do Ceará e Brasil — Foto: Reprodução/Simop
Na epidemiologia, a estabilidade com altos índices é chamada de platô. Ele ocorre após aumento exponencial e se mantém por um período no topo para, então, começar a cair. O Ceará vem apresentando incremento de casos e óbitos provocados pela doença desde o início do ano, no que é considerado por especialistas como segunda onda. Do começo da pandemia até esta terça-feira (30), já foram confirmados 532.534 casos, dos quais 13.778 evoluíram para morte.
Projeção para o Ceará
"A tendência é que a gente comece a entrar agora numa zona chamada de platô, ou seja, uma zona na qual o crescimento no número de casos diários tende a diminuir e a se estabilizar", ressalta o professor André de Almeida.
Isso deve durar até a primeira quinzena de abril, quando, então, a tendência deverá ser de queda no número de casos diários. O Simop analisa dados como a taxa de contágio da doença no estado e outros dados históricos extraídos da plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará. Os números, porém, dependem do nível de isolamento social.
Média móvel de casos deve atingir a estabilidade até o dia 15 de abril — Foto: Reprodução/Simop
Entre abril e maio
A ferramenta também analisou que a demanda hospitalar no estado do Ceará deve crescer ainda mais durante o mês de abril. A estabilidade nessa variável deve começar apenas a partir da segunda quinzena de abril, atingindo uma estabilidade na pressão sobre o sistema hospitalar entre a segunda quinzena de abril e a primeira quinzena de maio.
Conforme o estudo, a média móvel de óbitos provocados pela Covid-19, por sua vez, começa a atingir o platô entre o fim do mês de abril e o início de maio. A média, segundo André Almeida, é que os números de mortes pela doença fiquem estáveis três semanas após a estabilidade da média móvel de casos. Nesta leitura, o Simop aponta dois possíveis cenários: um otimista e um pessimista.
No Ceará, a visão otimista é que haja um crescimento no número de mortes provocadas pela doença, mas menor, no qual, entre abril e maio, o estado registrará cerca de 140 óbitos, em média, por dia. No cenário pessimista, a estabilidade começa mais perto do início de maio e pode atingir mais de 160 mortes, em média, por dia.
Média móvel de óbitos projetada pelo Simop para o Ceará — Foto: Reprodução/Simop
*G1
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