Homem pedala em rua vazia da cidade de Colonia em 19 de abril de 2020 - AFP
Muitos estabelecimentos comerciais da Alemanha reabriram as portas nesta segunda-feira (20), na primeira fase de uma operação de suspensão gradual do confinamento em um país com a epidemia de coronavírus “sob controle”, ao mesmo tempo que a chanceler Angela Merkel, afirmou que está “muito preocupada” com a possibilidade de que os compatriotas relaxem ante as restrições.
Lojas de alimentação, livrarias ou concessionárias de automóveis, entre outros estabelecimentos, voltaram a operar nesta segunda-feira, mas com o limite para lojas que tenham no máximo 800 metros quadrados.
Mas as concentrações de mais de duas pessoas continuam proibidas e as pessoas devem obedecer uma distância mínima de um metro e meio nos locais públicos.
Esta é a primeira fase de um plano de desconfinamento elaborado pelo governo de Merkel em parceria com as autoridades dos 16 estados federados do país.
Devido ao sistema federal, cada região dispõe de uma margem de manobra e pode tomar decisões autônomas.
Mas a chanceler afirmou que está “muito preocupada” com a possibilidade de que os alemães relaxem ante as restrições adotadas para frear a pandemia do novo coronavírus.
Ela expressou sua irritação durante uma discussão por videoconferência com os líderes do partido conservador CDU. Merkel pediu especialmente o fim do que chamou de “orgias de discussões” no país sobre um possível desconfinamento total, afirmaram à AFP vários participantes.
Ela também afirmou, de acordo com as mesmas fontes, que está “muito preocupada” com a crescente violação, no seu entender, das regras de distanciamento social. De acordo com alguns integrantes da CDU, Merkel lamentou que muitos falem apenas sobre a suspensão das restrições.
“O que importa agora é a evolução da situação até 30 de abril, data em que expiram as atuais normas de proteção”, declarou durante a reunião.
Além disso, Merkel destacou que provavelmente será necessário aguardar até 8 ou 9 de maio para saber se, além da reabertura progressiva das escolas prevista para 4 de maio, será possível suspender outras restrições.
A Alemanha registra 141.672 casos oficialmente documentados de coronavírus (+1.175 em 24 horas) e 4.404 mortes, de acordo com o balanço do instituto Robert Koch.
A pandemia está “sob controle e é administrável”, afirmou na semana passada o ministro da Saúde, Jens Spahn.
O ‘ratio’ de infecção pessoa a pessoa, que calcula a média de pessoas infectadas por cada paciente de COVID-19, caiu a 0,7% na sexta-feira, segundo o instituto Robert Koch, a autoridade federal que supervisiona a evolução da epidemia.
– Máscaras –
Na região da Saxônia (leste), o uso de máscara ou de um pano é obrigatório a partir desta segunda-feira.
Em Leipzig, uma das principais cidades deste ‘land’, as pessoas diante da estação de trem e nas ruas estavam quase todas com máscaras.
As lojas abriram as portas após mais de um mês fechadas, com um número de pessoas limitado a dois, presentes ao mesmo tempo nos estabelecimentos. Os clientes aguardavam diante dos locais, respeitando a norma de distanciamento social.
Usar proteção é “fortemente aconselhado” por Angela Merkel e será obrigatório em todos os locais públicos a partir da próxima semana na Baviera, o land mais afetado pela epidemia.
A “etapa vencida” é “frágil”, advertiu a chanceler, que também passou duas semanas em quarentena em Berlim depois que teve contato com um médico que deu positivo para a COVID-19.
“Não poderemos levar nossa antiga vida por muito tempo. O distanciamento e a proteção continuarão reger a nossa vida diária”, advertiu Armin Laschet, que governa outra região afetada pela pandemia, Renânia do Norte-Westfalia, e candidato à presidência do partido conservador CDU.
De acordo com o programa previsto, as escolas e centros do ensino médio devem reabrir as portas em 4 de maio, começando pelos estudantes mais velhos. Na Baviera, os colégios devem retomar as atividades uma semana depois.
Nesta segunda, a Alemanha anunciou que assumirá por conta própria o tratamento médico de pacientes europeus com COVID-19 que precisam de assistência respiratória e que atualmente estão internados em seus hospitais.
O custo desses pacientes chegaria a quase 20 milhões de euros, segundo o ministro da Saúde, Jens Spahn.
Atualmente, a Alemanha trata “mais de 200 pacientes europeus e tem, se necessário, a capacidade de acomodar mais”, acrescentou.
Menos afetada pela pandemia do que outros países da UE, e com mais unidades de terapia intensiva, a Alemanha recebeu nas últimas semanas pacientes europeus para aliviar os sistemas hospitalares de seus vizinhos.
*IstoÉ
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