quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Jair Bolsonaro autoriza envio das Forças Armadas ao Ceará


Pneus de carros oficiais foram esvaziados próximo a batalhão do Bairro Antônio Bezerra. — Foto: José Leomar

Pneus de carros oficiais foram esvaziados próximo a batalhão do Bairro Antônio Bezerra. — Foto: José Leomar

O presidente da República, Jair Bolsonaro, autorizou nesta quinta-feira (20) o envio das Forças Armadas ao Ceará. O reforço foi solicitado pelo governador do estado, Camilo Santana, para conter a crise na segurança pública e o motim de policiais militares.

Conforme o Ministério da Defesa, a aplicação da Garantia da Lei e da Ordem ocorre "nos casos em que há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública" e em "graves situações de perturbação da ordem". Nesses casos, é concedido a militares das Forças Armadas o "poder de polícia até o restabelecimento da normalidade".

Cronologia do motim de policiais militares no Ceará

"Acabo de receber telefonema do ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos, informando que o presidente [Jair Bolsonaro] acaba de atender a nossa solicitação autorizando o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Estado do Ceará", comunicou Camilo Santana, em mensagem em rede social, na tarde desta quinta-feira.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, havia autorizado na quarta-feira (19) o envio de tropas da Força Nacional para o Ceará. Parte da tropa já chegou a Fortaleza nesta quinta-feira; no total, serão 300 agentes da Força Nacional e 212 policiais rodoviários federais.


Tropas federais chegam a Fortaleza após pedido do governador do Ceará, Camilo Santana, por reforço na segurança do estado. — Foto: Thiago Gadelha/SVM

Conforme Camilo Santana, as forças federais vão atuar em conjunto com as equipes estaduais para conter a crise na segurança pública que ocorre desde terça-feira (18) no Ceará. Policiais que se dizem insatisfeitos com a proposta de reajuste salarial da categoria realizam movimentos paredistas para impedir o trabalho dos demais policiais, conforme a Secretaria da Segurança Pública.

Em um momento crítico da crise, o senador licenciado Cid Gomes foi baleado no peito quando tentou entrar com uma retroescavadeira em um batalhão onde policiais estavam amotinados em Sobral. Cid recebe atendimento em hospital particular de Fortaleza e não corre risco de morrer, conforme familiares.

Na terça-feira, três policiais foram presos suspeitos de furarem pneus de carros da Polícia Militar. No terceiro dia de motim dos policiais, pelo menos cinco batalhões da PM foram invadidos e tiveram os pneus esvaziados ou rasgados.

A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.

Resumo:

  • Em 5 de dezembro, policiais e bombeiros militares organizaram um ato reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares são proibidos de fazer greve.
  • Em 31 de janeiro, o governo anunciou um pacote de reajuste para soldados.
  • Em 6 de fevereiro, data em que a proposta seria levada à Assembleia Legislativa do estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação pedindo aumento superior ao sugerido.
  • Em 13 de fevereiro, o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou insatisfeito com o pacote oferecido.
  • Em 14 de fevereiro, o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover manifestações.
  • Em 17 de fevereiro, a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de prisão de policiais em caso de manifestações.
  • Em 18 de fevereiro, três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos de um batalhão na Região Metropolitana.
  • Em 19 de fevereiro, batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados. O senador Cid Gomes foi baleado em um protesto de policiais amotinados.
*G1

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