sábado, 27 de julho de 2019

Manuela D’Ávila confirma que passou contato de Glenn Greenwald a hacker

Manuela D'Ávila (Nelson Almeida/AFP)

A ex-parlamentar relatou ter sido comunicada pelo Telegram de uma invasão em seu aplicativo, no dia 12 de maio

Em nota divulgada à imprensa, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) confirmou que passou o contato do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, a alguém que dizia ter “obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras”. A ex-parlamentar relatou ter sido comunicada pelo Telegram de uma invasão em seu aplicativo, no dia 12 de maio. Depois, alguém entrou em contato, dizendo estar no exterior, e com a intenção de divulgar o material coletado.

Manuela afirmou estar sendo alvo de armadilha montada por seus adversários. “Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.”

Na nota, Manuela informa que desconhece a identidade do invasor de seu celular. “Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal”, informou.
Vermelho

Em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto — conhecido como Vermelho, um dos presos pela Operação Spoofing — detalhou como conseguiu os contatos de autoridades. Afirmou ter chegado a Glenn Greenwald através de Manuela D’Ávila. O hacker disse também que não editou as mensagens de membros da Lava Jato antes de repassá-las ao Intercept. Afirmou acreditar que não é possível fazer a edição das mensagens do Telegram em razão do formato utilizado pelo aplicativo. O suspeito relatou ainda “que nunca recebeu qualquer valor, quantia ou vantagem em troca do material disponibilizado ao jornalista Glenn Greenwald”.

Procurado pela reportagem, Greenwald não quis comentar o depoimento em que Delgatti Neto citou o nome de Manuela – em 2018, ela foi candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT). O jornalista afirmou que não daria informações que pudessem identificar o intermediário sem que tivesse uma autorização prévia.

Leia a íntegra da nota de Manuela D’Ávila:

NOTA À IMPRENSA

Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:

1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.

2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.

3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.

*VEJA

Nenhum comentário:

Postar um comentário