sábado, 27 de agosto de 2016

Confronto de Renan com petistas e dispensa de testemunhas marcam 2º dia do julgamento do impeachment


No segundo dia do julgamento final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, a defesa abriu mão de uma testemunha – Esther Dweck – e aceitou transformar outras duas – Luiz Gonzaga Belluzzo e Ricardo Lodi – em informantes. Já os senadores pró-impeachment adotaram uma estratégia de não interrogar quem estava depondo para acelerar a sessão. A exemplo do primeiro dia, a sexta-feira começou com muito bate-boca e troca de acusações entre os parlamentares no Senado. Abaixo, os principais destaques da sessão desta sexta:
  1. Toda a manhã foi destinada a questionamentos sobre a legalidade do depoimento da testemunha de acusação da quinta-feira, 25, o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Antônio Carlos Costa D’Ávila Carvalho. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) chegou a pedir que ele fosse desqualificado, negado por Lewandowski, com o argumento de que ele não era imparcial.  Já o advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, desistiu de duas testemunhas de defesa, a ex-secretária de Orçamento Federal, Esther Dweck, e o advogado Ricardo Lodi. A primeira “para preservá-la”, já que Gleisi a nomeou em seu gabinete. O segundo porque ajudou na perícia e poderia ser alvo de desqualificação por parte dos favoráveis ao impeachment. Agora ele será apenas um “informante”. O primeiro depoente do dia, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, só começou a falar por volta das 13h20.
  2. Renan, que ficou calado durante todo o início da sessão, foi ao microfone após a sessão voltar de um intervalo e não poupou ninguém. “Não podemos apresentar essa imagem à sociedade. Fico muito triste porque essa sessão demostra que a burrice é infinita. (…)Ontem, a senadora Gleisi chegou ao cúmulo de dizer aqui para todo o País que o Senado Federal não tinha moral para julgar a Presidente da República. Como uma senadora pode fazer uma declaração dessa? Exatamente, uma senadora que, há 30 dias, o presidente do Senado Federal conseguiu, no Supremo Tribunal Federal, desfazer o seu indiciamento e do seu esposo [Paulo Bernardo, ex-ministro das gestões Lula e Dilma preso na Operação Custo Brasil].” A partir deste momento, o tumulto foi generalizado. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) gritava “baixaria, baixaria!” se aproximando de Renan junto com a Gleisi. Os três tiveram de ser contidos pelos presentes e Lewandowski resolveu antecipar o intervalo do almoço, suspendendo novamente a sessão.
Segundo aliados de Renan, ele teria “perdido a cabeça” porque Gleisi o chamou de “mentiroso” e de “coisas impublicáveis”. Ela negou. O peemedebista também estaria incomodado com o tom da petista na véspera, quando ela disse que nenhum senador tinha moral para julgar Dilma.
  1. Por causa da confusão com Gleisi, Renan teve de atuar para afastar possível mal-estar com Lewandowski, já que a sua intervenção deu a impressão de que ele poderia interferir no andamento de processos que tramitam no STF.  A equipe de comunicação da presidência do Senado preparou um “kit-explicação” com documentos e uma nota dizendo que Renan se referiu a duas petições protocoladas pela Mesa Diretora no STF. “Trata-se de manifestação pública e institucional decorrente da operação de busca e apreensão realizada no imóvel funcional ocupado pela senadora Gleisi Hoffmann e do indiciamento da senadora pela Polícia Federal.”
  2. Discípulos do marqueteiro do nazismo’. Irritada com as tentativas da oposição de desqualificar D’Ávila, a senadora Ana Amélia (PP-RS) afirmou que o grupo estava agindo como discípulos de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler na Alemanha nazista. . “São dois pesos e duas medidas. (…) Temos aqui alguns discípulos de um regime fascista, do mestre da comunicação Joseph Goebbels, que [afirmava que] repetir uma mentira tantas vezes a torna verdade. É essa técnica que estamos vendo aqui. Estou tendo que ver a Janaína Paschoal se defender de novo.”
  3. Com a estratégia dos senadores da base de Temer de não interrogar as testemunhas da defesa, os interrogatórios tornaram-se um cordial bate-papo entre amigos. Após Beluzzo, os senadores ouviram o professor de direito Geraldo Prado e, em seguida, começaram a ouvir Luiz Cláudio Costa, ex-secretário executivo do Ministério da Educação. Muitas vezes, a pergunta foi tão retórica, que a testemunha precisou explicar que não tem a competência ideal para responder o questionamento e tratou da questão em uma esfera teórica.
O que vai acontecer ainda:
Sábado (27 de agosto)
Testemunhas: A sessão começará às 10 horas e seguirá, ininterruptamente, até o fim dos depoimentos das duas últimas testemunhas de defesa – o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e o professor Ricardo Lodi.
Segunda-feira (29/8)
Defesa: Dilma está notificada para comparecer ao Senado e apresentar a sua defesa às 9 horas. Ela terá 30 minutos para falar, mas esse tempo poderá ser prorrogado.
Questionamentos: O presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, os 81 senadores, acusação e defesa podem fazer perguntas à petista, que têm o direito de ficar calada. O tempo das perguntas é de cinco minutos. Depois, acusação e defesa terão 1h30 cada uma para se manifestar.
Terça-feira (30/8)
Discursos: Cada senador terá 10 minutos para se manifestar na tribuna. Em seguida, o presidente do STF fará um relatório resumido dos argumentos da acusação e da defesa. Começará, então, o encaminhamento para a votação. Nesta fase, dois senadores favoráveis ao impeachment e dois contrários terão 5 minutos cada um para se manifestar.
Votação: Não haverá orientação dos líderes das bancadas para a votação. A votação será aberta, nominal e realizada por meio de painel eletrônico. Para o afastamento definitivo da presidente, é necessário o voto de 54 senadores.
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