quarta-feira, 10 de abril de 2019

Sem experiência política, Zema enfrenta motim em 100 dias de gestão em MG

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(divulgação)

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Eleito no segundo maior colégio eleitoral do país com o discurso da "nova política", Romeu Zema (Novo) chega aos cem dias de mandato sob embates com a política de verdade.

Estreante, filiado a um partido recente e ideológico, alcançou 72% dos votos válidos com críticas aos governos anteriores, de PT e PSDB. Assumiu um estado endividado e cujo déficit previsto para este ano é de R$ 11 bilhões.

Ainda sem consolidar uma base de apoio na Assembleia Legislativa para votações essenciais ao estado, Zema tenta passar uma imagem pública de austeridade nas redes sociais ao anunciar, por exemplo, a doação do seu salário para entidades beneficentes ou abrir mão de morar no Palácio das Mangabeiras, residência oficial dos governadores mineiros.

A situação do governador tem sido comparada, por aliados da própria base, à do presidente Jair Bolsonaro (PSL): aposta em um discurso populista para o público da internet, enquanto não avança na negociação para aprovar projetos que devem causar desgaste à gestão.

As primeiras medidas, como a de expor quadros do ex-governador Fernando Pimentel (PT) que estavam em órgãos públicos, são criticadas até pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, também estreante e eleito com o bordão "chega de político".

"Tenho certeza que pegar quadro de ex-governador, botar no chão, falar que isso é economia, isso não foi ideia dele [Zema]. Alguém deu essa ideia maravilhosa pra ele. Que é horrível", disse à Folha de S.Paulo no início deste mês. Kalil é filiado ao PHS, que compõe a base governista.

Segundo o prefeito, "a eleição acabou" e está na hora de Zema "descer do palanque". "Temos 77 deputados que foram eleitos que estão esperando uma proposta."

Na mesma semana, o governador conseguiu a maior vitória da sua gestão: fechou um acordo com a Associação Mineira dos Municípios que prevê pagamento de quase R$ 7 bilhões em repasses atrasados às cidades. A entidade ameaçava cobrar do Legislativo abertura de processo de impeachment.

Logo no primeiro mês do governo, Zema também teve que lidar com as repercussões da tragédia de Brumadinho (MG), onde o rompimento de barragem da Vale na mina do Córrego do Feijão deixou ao menos 224 mortos e 69 desaparecidos.

Por causa dos repasses atrasados aos municípios mineiros, Zema passou a cobrar dos deputados que aprovem um projeto de reforma administrativa enviado à Assembleia e outro, mais importante, de reforma fiscal, ainda em elaboração.

Essa reforma fiscal deve incluir mudanças na Previdência do funcionalismo estadual, além de tentativas de privatizações de estatais como a Cemig (energia), Codemig (mineração e desenvolvimento) e Copasa (saneamento).

O temor é que, como o pagamento da dívida com a União está congelado desde o governo Pimentel, a ausência de uma reforma fiscal faça Minas perder repasses federais.

As medidas da reforma, consideradas desgastantes pelos deputados, prometem meses de discussões e negociações. Acontece que Zema nem sequer tem o apoio dos próprios partidos que se declaram governistas.

No papel, o bloco de base do governo tem 21 dos 77 deputados e é composto por PSDB, Cidadania, PP, PSC, Avante, PSB, PHS e SD, além do Novo, com 3 parlamentares.

Na prática, legendas da base têm feito ataques ao governador e ao seu partido em reservado e esperam maior participação no Executivo, com cargos e secretarias, além de reconhecimento público de Zema e participação em agendas de entregas de obras.

O PSL, que não está na base, por exemplo, tem duas secretarias, comandadas pelo mesmo secretário. O governo afirma que seus quadros não foram indicados por questões políticas, mas sim de competência.

A oposição, segundo o líder Ulysses Gomes (PT), reclama que não foi chamada para conversar. Ele também afirma que o governador precisa "descer do palanque".

O próprio Zema minimiza os atritos e diz que a relação com os deputados "é a melhor possível".

"Falaram que nunca um governador esteve tão presente na Assembleia. Me reuni aqui na Cidade Administrativa, quatro vezes com deputados de bancadas, e ainda tem uma bancada com a qual eu vou me reunir", afirmou o governador à Folha de S.Paulo.

Fonte: Yahoo

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