sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pesquisa comprova que a paixão levada ao extremo pode ‘cegar’ a pessoa

Quantos relacionamentos são medidos pela paixão sem que ela seja compreendida? Mais do que isso, a paixão, definida pelo dicionário como um sentimento ou emoção levada a um alto grau de intensidade, deixa homens e mulheres cegos. O fato já comprovado por psicólogos e psiquiatras agora ganha base científica. Recentes investigações sobre a atividade do cérebro revelam que apaixonados perdem a habilidade de criticar seus parceiros. Ou seja, o apaixonado dificilmente consegue ver defeitos e desconfiar da pessoa amada. Essas pesquisas estão ajudando a encontrar respostas para perguntas tão básicas, como também enigmáticas e sugestivas, por exemplo, o que ocorre em nosso interior quando nos apaixonamos, o que acontece com nossa mente ou porque possuímos ou não desejo sexual.
De acordo com o neurologista André Palmini, da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, quando a pessoa está apaixonada por alguém, seu cérebro desativa estruturas responsáveis pelo julgamento crítico. “Estudos com imagens mostram que os mecanismos cerebrais que nos fazem ter uma visão crítica sobre as atitudes dos outros são desativados quanto estamos com a pessoa amada. É a explicação da ciência para a cegueira da paixão”, diz.
Marcelle Vecchi, psicoterapeuta comportamental neurolinguista, explica que esses sentimentos provocam um conjugado de alterações químicas que geram altos níveis de dopamina, serotonina e ocitocina. “Esses neurotransmissores são os responsáveis pelos sentimentos de euforia, disposição, motivação, alegria e prazer. O cérebro, ficando inundado com esses neurotransmissores, automaticamente não percebe ameaças do ambiente, como outra pessoa que não esteja apaixonada perceberia. A paixão realmente cega as pessoas”, ressalta Vecchi.
O mais curioso do estudo, no entanto, é que o cérebro age de forma diferente na paixão e no amor. No topo da paixão, os mecanismos de defesa quase não são ativados, mas essa situação vai mudando com o passar do tempo. “Com a consolidação do sentimento, o cérebro começa a reagir ao ver a pessoa amada de forma parecida como age com outras pessoas. O grande segredo da neurociência é porque as pessoas continuam juntas, mesmo com as mudanças no comportamento cerebral”, afirma Palmini. Para a psicóloga e escritora Vera Paráboli Milanesi, isso ocorre como todo estímulo novo. “Inicialmente, o objeto da paixão desperta no apaixonado reações psíquicas e físicas acentuadas. Com o passar do tempo, a pessoa amada já não é vista como novidade e sim como algo que faz parte da paisagem e, como tal, é encarada com mais naturalidade. Nesse momento, muitas pessoas ficam preocupadas, achando que não amam mais, porque suas reações já não são exageradas. No entanto, não podem se esquecer de que o sentimento apenas muda de aspecto com o passar do tempo, mas isso não significa que não existe mais”.
A análise destes aspectos permitiu constatar que homens e mulheres funcionam de maneira diferente no que se refere ao amor e à paixão. Segundo a psicóloga clínica e terapeuta sexual, Yara Monachesi, as respostas de homens e mulheres aos afetos serão sempre diferentes, porque homens e mulheres são diferentes, estruturam-se em uma sociedade em que as expectativas formuladas para um e outro são diferentes, na qual os papéis feminino e masculino são previamente definidos. É de acordo com esta modelagem da personalidade que serão dadas as respostas afetivas. Vera Milanesi afirma que as mulheres tendem a ser mais românticas do que os homens, e por isso, acabam se apaixonando com mais facilidade, o que muitas vezes leva a grandes erros, pois no processo de “apaixonamento” acabam se deixando levar por ilusões a respeito do outro, por imagens idealizadas e não pela realidade. “Os homens, em sua maioria, são mais concretos e têm mais facilidade para pesar, desde o início, se a relação tem ou não futuro”, completa Milanesi.

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