A Polícia Civil investigará a invasão a uma rádio do interior de Pernambuco e as ameaças sofridas por um jornalista durante o programa. Júnior Albuquerque comentava a crise sanitária do novo coronavírus no país e apontou o governo federal como um dos fatores que desencadearam a ascensão da covid-19.
Na última terça-feira, 6, quatro apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que não gostaram das críticas negativas, invadiram o programa ao vivo e ameaçaram o profissional de imprensa.
“A gente tem um programa onde opinamos sobre questões políticas. E entrou em pauta a questão da covid. Eu falei que eleitores de Bolsonaro deveriam começar a criticar a política sanitarista dele, senão também seriam culpados”, afirmou Júnior Albuquerque.
O jornalista traçou uma relação entre política bolsonarista e o nazismo, destacando que os eleitores de um regime também têm responsabilidade sobre os rumos que o governante dá ao país.
“Hitler, para fazer aquelas atrocidades, teve a ajuda da população, que foi conivente. Alguns defensores de Bolsonaro acharam ruim e, através do WhatsApp, começaram a dizer que invadiriam a rádio”, continuou.
“Aí, na terça-feira, concretizaram. Falaram que me esperariam fora da rádio para me agredir. Mas foram embora após a gente acionar a Guarda Municipal”, contou o comunicador.
Os momentos de tensão dentro do estúdio, que fica na cidade de Santa Cruz do Capibaribe, a 180 km do Recife, foram registrados por celular. As imagens já circulam nas redes sociais.
No vídeo, é possível ver um homem, que não foi identificado, sendo contido por outros profissionais. Ele chega a dizer que vai aguardar o jornalista sair da rádio.
Ao encerrar o programa, Júnior Albuquerque foi direto para a delegacia da região e denunciou o caso. Ele também pretende ir ao Ministério Público registrar uma queixa-crime.
Procurada, a Polícia Civil de Pernambuco disse ter recebido o registro da ocorrência e que a Delegacia de Santa Cruz do Capibaribe já deu início à investigação.
A Asserpe (Associação das Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco) repudiou o episódio.
Em nota, a entidade classificou a invasão como uma ameaça à liberdade de imprensa.
A Asserpe ressaltou que se solidariza com o jornalista e que “espera resposta a altura em virtude da gravidade do incidente pelas autoridades que investigam o caso”.
Repórter Ceará – UOL (Foto: Reprodução)
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