O governador Camilo Santana anunciou, na fim da manhã desta quinta-feira (21), que o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 decidiu aumentar o número de leitos em todo o Estado, proibir o uso de áreas comuns de lazer em condomínios de praia e recomendar que a população evite viagens intermunicipais. A decisão é baseasa no aumento da concentração viral da doença pandêmica, atualmente, em Fortaleza.
"No decreto, nós vamos recomendar que a população não viaje nos transportes intermunicipais, só faça esse fluxo para trabalho ou em ações essenciais, porque o maior foco está sendo na Capital", afirmou.
Aumento de leitos
Por outro lado, o governador detalhou que a rede de saúde deverá preparar a capacidade estrutural de atendimento para receber infectados com demanda de internação hospitalar. As acomodações criadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e em enfermarias serão reabertas.
"Nós vamos retomar muitos dos leitos que criamos ao longo da pandmeia, praticamente 1.800. Todos eles foram mantidos para atender outras demandas. Agora, nós vamos retomar os leitos de UTI transformando de volta para Covid-19 exatamente para garantir não só na Capital, mas em todo o Interior, que a população tenha leitos".
O secretário da Sáude do Estado, Dr. Cabeto, explicou que o governo está aumentando 100 leitos em um prazo de duas semanas. "Estamos projetando um limite bem razoável para ampliação em duas semanas, algo em torno de 100 leitos de UTIs. Está bem acima da nossa necessidade. [..] A gente vai depois especificar quais leitos estão sendo colocados. Os hospitais regionais do interior estão tendo reativação dos leitos de campanha. Alguns deles nós estamos aumentando em torno de 10 a 20 leitos e UTI e a mesma quantidade de enfermaria em cada hospital regional, o Leonardo da Vinci, IJF e assim como as outras unidades também".
Variante do novo coronavírus no Ceará
O secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, afirmou, durante a coletiva desta quinta-feira, que segue estudando a existência de infecções causadas pela nova variante do coronavírus no Estado. Amostras de casos cearenses suspeitos foram enviadas à Fiocruz para detecção da mutação do vírus. A variante já registra casos no Amazonas e levou o Reino Unido a decretar lockdown no início do mês.
"Há muita dúvida acerca da forma de transmissão da gravidade da nova cepa. O que estamos vendo no Ceará é a mudança do perfil epidemiológico. A doença está acometendo mais os jovens", disse o gestor da Pasta.
Segundo o secretário, o índice de atendimento de pessoas infectadas pelo novo coronavírus teve um aumento de cerca de 30%, em média, chegando a ser de 70% em algumas unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Estado. Sendo que esse crescimento foi composto por pacientes mais jovens, com idades abaixo dos 50 anos. Entretanto, a maior parte não se converteu em internações.
"Quando analisamos, especificamente, os atendimentos nas UPAs, o número de pacientes graves está menor que vimos em fevereiro, março e abril de 2020. Mas isso não quer dizer que não precisamos ser precavidos", alertou Cabeto.
Veja o anúncio
Nessa quarta-feira (20), o chefe do Executivo estadual já havia antecipado que a reunião das autoridades de Saúde discutiria a situação epidemiológica diante do "aumento dos números da Covid-19", também motivo de "muita preocupação".
Camilo voltou a mencionar o acréscimo de testes positivos no Ceará para justificar a decisão. Dados do IntegraSUS, por exemplo, apontam que 107 dos 184 municípios estão com níveis de alerta "alto" ou "altíssimo" de propagação do SARS-CoV-2. Um mês atrás, esse alerta era registrado em 90 cidades.
Durante a coletiva de imprensa, o gestor explicou que a aceleração de casos até então não vinha trazendo reflexos negativos na demanda por atendimento médico em hospitais e nem no número de mortes, mas na última semana essa situação mudou.
“Houve aumento significativo na demanda assistencial, principalmente na Capital. Isso acende uma luz de alerta”, disse.
Manutenção da economia
O governador justificou que as novas medidas foram pautadas como estratégias para conter o vírus ao mesmo tempo em que preserva a economia local. "A nossa intenção, nesse momento, é não tomar nenhuma medida que afete a economia do Estado. Vamos tomar medidas que possam evitar aglomerações e o risco de aumentar a transmissão. Vamos avaliar semana a semana o comportamento dos números da pandemia".
Camilo afirmou ainda que irá se reunir com o setor de transporte público para tentar diminuir a aglomeração nos veículos, principalmente, na Capital e que vai intensificar a fiscalização.
Último decreto
O decreto anterior, cuja validade seria até 31 de janeiro, seguiu as mesmas recomendações sanitárias impostas nas festas de fim de ano para evitar a disseminação do novo coronavírus. As recomendações obrigatórias foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE) no último dia 9.
Além da proibição de festas, shows e eventos sociais, além da ampliação do horário comercial de estabelecimentos para evitar aglomerações, o documento citou ainda o cancelamento do carnaval em ambientes abertos e fechados.
*DN
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