Essa é a força de uma nação: o sentimento de pertença, de destino comunitário. Para isso são as estruturas públicas, políticas, legislativas, jurídicas, executivas, as quais devem estar a serviço do País.
Isso exige projeto de país, e não projeto de poder. Projetos que promovam o desenvolvimento social a partir de políticas públicas abrangentes, sem discriminação dos já discriminados pela pobreza e exclusão social secular.
Os últimos embates políticos que levaram a sociedade a discutir em seu cotidiano questões políticas têm demonstrado o quanto está dividida,
em suas noções de cidadania, inclusão, igualdade, tolerância e justiça social. Há um viés de que política de proteção social, própria de países desenvolvidos, no Brasil é coisa para preguiçosos que querem viver à custa do Estado.
Ninguém vive à custa do Estado, este só existe porque todos professaram o desejo de que assim o fosse, e construíram uma nação a partir de valores solidários e comuns, dentre eles o pagamento de impostos, que devem destinar-se a garantir um país justo.
Na medida em que a população de uma região apenas subsiste, em razão do baixo desenvolvimento econômico, certamente necessitará de mais programas sociais do que outra. Portanto, um verdadeiro acinte aos povos do Norte e Nordeste são comentários reacionários como “bois que voltaram para o curral” (16/2/2017), divulgado no Blog O Antagonista, referindo-se ao crescimento de Lula em pesquisas de intenção de votos da disputa presidencial.
Enquanto perdurar o pensamento de que há dois Brasis, o dos ricos e o dos pobres, e que os programas sociais destinam-se a garantir curral eleitoral, não sairemos desse abismo, que cada vez mais se alarga, dividindo a sociedade, formando guetos, verdadeiro apartheid social.
O foco deve ser a diminuição das desigualdades, sem o que não cumprimos os fundamentos da República, nem nos tornamos aptos a trilhar o terceiro milênio que exigirá fortaleza moral para que as novas tecnologias não aprofundem o individualismo. Ou somos uma Nação fundada na solidariedade e justiça social ou nosso atraso pode ser insuperável.
Odorico Monteiro
dep.odoricomonteiro@camara.leg.br
Médico, pós-doutor em Saúde Pública, pesquisador da Fiocruz e deputado federal (Pros-CE)
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