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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Com pandemia, prefeitura de BH abre 1,9 mil novas covas em cemitérios

Homens com máscara e roupa de proteção transportam caixão para cemitério em Bergamo

A prefeitura de Belo Horizonte está abrindo 1,9 mil novos locais para sepultamentos nos cemitérios municipais para suprir o possível aumento de óbitos por causa da covid-19. De acordo com a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica da capital mineira, a medida faz parte de um plano de contingência que também inclui a compra de equipamentos de proteção individual para os funcionários e a contratação futura de mão de obra.

“Considerando o cenário de pandemia e as realidades experimentadas em outros estados e países, os cemitérios de BH estão trabalhando em regime de alerta a fim de evitar o colapso do sistema, levando-se em conta que, caso as medidas preventivas não sejam adotadas, podemos experimentar cenários e projeções ruins, como já vem sendo amplamente divulgado pelos especialistas”, informou, em nota a fundação.

A informação, confirmada hoje (29) pela fundação à Agência Brasil, é do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. Em vídeo divulgado ontem (28) nas redes sociais, Kalil defendeu a manutenção do isolamento social como forma de prevenção à disseminação descontrolada da doença, disse que “não quer ser o prefeito coveiro” e que fica “horrorizado com a falta de sensibilidade humana de ver covas rasas”.

“Eu tô horrorizado com gente que diz que a gente tem condições de abrir o comércio. Baseado em que? No que estamos assistindo no Rio de Janeiro, São Paulo, Amazonas, Ceará, Pernambuco? A pandemia vem pra Belo Horizonte”, argumentou, citando estados em que a curva de infecção vem crescendo rapidamente. As cidades mais afetadas pela pandemia estão vivendo já o colapso de seus sistemas de saúde e funerários.

O plano da prefeitura de Belo Horizonte abrange os Cemitérios da Paz, da Consolação, da Saudade e do Bonfim, mas a primeira etapa da ampliação contempla apenas os três primeiros. O andamento de outras etapas dependerá dos cenários, que são reavaliados regularmente.

Ainda de acordo com fundação, houve um aumento no número de sepultamentos em março deste ano, comparado a 2019. Em março do ano passado a média diária foi de 25,54 (792 no total) e neste ano de 30,09 (933 no total).

Já a tendência para abril de 2020 é de uma pequena queda, comparado ao mesmo período do ano passado. Os números mostram que a média diária de abril de 2020 – lembrando que as medidas de isolamento foram adotadas em 17 de março - está em 26,07 (730 no total), considerando levantamento até o dia 27, e em abril de 2019 foi de 26,73 (802 sepultamentos no total).

“Essa queda experimentada em abril, apesar de ainda não nos permitir conclusões diretas sobre os impactos da covid-19, pode ser uma consequência das medidas de isolamento social, que diminuem as contaminações pelo novo coronavírus e, consequentemente, teremos menos casos graves a serem tratados nos hospitais que poderiam culminar em óbitos, mas também podem contribuir para baixar o número de mortes relativas a acidentes de trânsito e crimes violentos, por exemplo. Esse cenário de diminuição de outras causas de internação e de óbitos que não o covid-19 dá fôlego aos hospitais e cemitérios para focar nas demandas geradas pela pandemia”, explicou o órgão da prefeitura.
Prevenção

De acordo com Alexandre Kalil, a prefeitura de Belo Horizonte busca alternativas para otimizar o uso dos respiradores nos hospitais e já comprou máscaras de proteção para serem distribuídas à população. O prefeito explicou que um grupo técnico monitora diariamente a situação da capital mineira e vai dizer quando a cidade poderá ser reaberta.

Ele também pediu apoio do poder Judiciário para que não sejam tomadas decisões isoladas que vão contra as recomendações de isolamento social. “Peço ao Judiciário, pelo amor de Deus, ajude a prefeitura. Não pode autorizar um ou dois ou três ou quatro setores a abrir, na caneta, porque isso vai custar vidas”, disse.

Segundo ele, o Executivo local também está sensível à situação da economia local, mas a prioridade é salvar vidas. “Temos que ter o entendimento que vamos ajudar os comerciantes sim, claro. Nós sabemos o que estamos fazendo. O nosso segundo passo depois de salvar as vidas, é dedicar tempo exclusivo para ajuda a quem está nos ajudando agora [mantendo o isolamento social]”, disse. “Eu vou fazer o que a lei me permitir e o que a ciência me falar, sabendo que cada dia é um dia de sacrifício e desemprego. Mas vamos cuidar de todo mundo, do empresariado todo. Mas agora vamos tentar salvar Belo Horizonte das cenas bárbaras [de enterros em massa e corpos em frigoríficos]”.

De acordo com a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, até as 10h desta quarta-feira, o estado registrou 1.758 casos confirmados de covid-19 e 80 óbitos. Na capital Belo Horizonte são 561 casos confirmados e 16 óbitos.

*agenciabrasil.ebc.com.br

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