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sábado, 28 de julho de 2018

Coordenador econômico de Bolsonaro indica que pode manter parte da equipe de Temer

Paulo Guedes é economista e coordenador do programa econômico de Jair Bolsonaro Foto: Sergio Castro/Estadão

Tanto o economista Paulo Guedes quanto o próprio candidato já afirmaram publicamente que Ilan Goldfajn seria um excelente nome para seguir no atual cargo


BRASÍLIA - Coordenador do programa econômico do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Paulo Guedes afirmou que terá total liberdade para montagem de sua equipe caso se torne o titular da Fazenda e indicou que pode manter alguns integrantes da atual equipe econômica do governo Temer.

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“Ele (Bolsonaro) fala que é porteira fechada e não vai ter nenhuma indicação política”, disse o economista em entrevista na quinta-feira à Reuters, a respeito dos cargos nos Ministérios da Fazenda e do Planejamento e no Banco Central. Sobre a permanência de alguns membros da equipe de Temer, mostrou ver vantagens na estratégia.

“O setor público tem extraordinários quadros e quem tem que fazer as reformas e ajudar a corrigir todos os erros são exatamente esses quadros de excepcional qualidade”, disse, ao ser questionado se manteria parte do quadro se Bolsonaro vencer as eleições.

Guedes elogiou o atual secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, de quem disse ter tido “ótima impressão” por seu “espírito público e conhecimento técnico”. Ambos estiveram juntos há poucas semanas no Ministério da Fazenda após Guedes pedir um encontro para ouvi-lo sobre a situação fiscal do país.

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Os comentários foram feitos pouco antes de Guedes se encontrar novamente com membros da atual equipe econômica em Brasília, desta vez a convite do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e na companhia do presidente do BC, Ilan Goldfajn, no âmbito de conversas que têm sido pedidas pela Fazenda com economistas de pré-candidatos.

Tanto o coordenador quanto o próprio Bolsonaro já afirmaram publicamente que Ilan seria um excelente nome para seguir no atual cargo. Guedes disse na quinta-feira, 12, ver necessidade, para o presidente do BC, de autonomia operacional e mandato não coincidente com o do presidente da República.

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Com Ph.D. na Universidade de Chicago, considerada o templo mundial do liberalismo, Guedes voltou a ressaltar que o programa de Bolsonaro será estruturado em torno de reformas fiscais, como a da Previdência, reorganização federativa, com mais recursos direcionados a Estados e municípios, e diminuição da dívida pública, investida turbinada por privatizações de estatais.
Reforma trabalhista


O economista defendeu o aprofundamento da reforma trabalhista, com a substituição gradual do atual sistema de encargos baseado na folha salarial que conta com “alíquotas altíssimas”. Para ele, a mudança vai impulsionar a contratação de novos postos de trabalho e ampliar a formalização do número de pessoas economicamente ativas. Atualmente, o país possui cerca de 13 milhões de desempregados.

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“Vamos acabar com esses encargos, acabar com esse troço. Nós vamos botar no lugar uma base de incidência bem mais ampla, em vez de só alguns pagando muito. Esse é um princípio que estamos vendo”, disse.

Segundo Guedes, o novo modelo de encargos trabalhistas —mais simples e com custo menor— faria parte de uma reforma tributária mais ampla a ser implementada de maneira gradual. “Só que a gente não vai fazer nenhuma aventura. A gente não vai desarmar o sistema”, disse ele, indicando que a substituição de um regime por outro será feito em dois ou quatro anos.

“Aí você vai fazendo ‘phase in’ em um e ‘phase out’ em outro, vai calibrando. Justamente como a gente não vai fazer aventura, a gente não pode abrir mão da base tributária atual. Você reduz um pouquinho e introduz a outra. Essa outra está indo superbem, você acelera ela e retira a antiga”, complementou.
Relação com o Congresso


O economista afirmou que a “governabilidade” de uma eventual gestão Bolsonaro se dará, para além da noção de um novo pacto federativo, com o apoio dos partidos em cima de propostas em discussão no Congresso.

Uma das críticas a Bolsonaro é a de que ele, se eleito, não terá uma forte base de apoio. Atualmente o PSL, a pequena legenda a qual o deputado é filiado, tem apenas 8 deputados federais e nenhum senador.

Guedes disse que o coordenador informal da pré-campanha de Bolsonaro, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse-lhe que até o final do mês o nome do PSL ao Palácio do Planalto contará com o apoio suprapartidário de 120 deputados federais. Para o economista, é um apoio que está sendo “bem encaminhado” por ocorrer antes do fechamento das alianças partidárias.

O número fica abaixo do necessário para a aprovação de reformas constitucionais —que na Câmara precisam de ao menos 308 votos. Mas Guedes afirmou que, no pós-Lava Jato, o apoio dos partidos no Congresso se dará em torno das agendas do governo.

“É uma valorização dos temas e votação no atacado. Esse partido está conosco, aí temos 30, 40 votos do partido, justamente para acabar com a compra mercenária de votos no varejo”, disse. / REUTERS

*Estadão

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