O resultado é de monitoramento da consultoria Quaest, que elabora desde janeiro do ano passado o IDP (Índice de Popularidade Digital).
O levantamento considera cinco dimensões: fama dos personagens públicos (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamento das postagens), valência (reações positivas e negativas às postagens) e presença (número de redes sociais em que a pessoa está ativa).
São observadas variáveis nas três principais plataformas (Facebook, Instagram e Twitter), em análises mensais.
Um modelo estatístico próprio pondera e calcula a importância de cada dimensão, e os personagens analisados são posicionados em uma escala de 0 a 100.
Desde janeiro de 2019, quando a Quaest iniciou o monitoramento, Bolsonaro era o campeão isolado de popularidade dentre dez possíveis presidenciáveis observados. Em dezembro, contudo, o presidente foi ultrapassado pela primeira vez.
O novo topo do ranking é agora ocupado por Huck, que alcançou índice 75,36. Bolsonaro ficou com 66,24. Bem abaixo vem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 29,09. Os valores se referem à atividade nas redes de 1º a 31 de dezembro de 2019.
Um mês antes, Bolsonaro tinha IDP de 76,62, Huck, 36,89 e Lula alcançava 36,38.
“Em dezembro, capturamos um movimento muito surpreendente, porque é o segundo mês em que Bolsonaro e Lula caem em desempenho digital, e Huck agora aparece como nome que desponta”, diz Felipe Nunes, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e diretor da Quaest.
Segundo Nunes, o desempenho de Huck não está atrelado à política, mas à sua carreira na televisão. A análise mostra que as publicações com temas ligados ao cenário político fazem menos sucesso nas redes do apresentador.
Nunes cita uma das três postagens de Huck em dezembro, em que ele compartilha a história de um motoboy que, em meio à chuva, carregou no colo uma moça desconhecida para tirá-la de uma área alagada. Foram mais de 300 mil curtidas no Facebook.
Em comparação, uma publicação, em janeiro, sobre queimadas na Austrália teve cerca de 3.900 curtidas. Já seu post condenando o vídeo em que o ex-secretário da Cultura Roberto Alvim utiliza referências nazistas teve aproximadamente 13 mil “likes”.
Segundo relatório da Quaest, o desafio de Huck é convencer seus seguidores de que ele pode desempenhar um papel na política, visto que, até o momento, seus fãs preferem o apresentador de TV.
“É um fenômeno inédito, mas é importante explicar que a melhora de Huck se deve a um componente emocional de vinculação com o programa, não com a pauta política convencional. Isso diz muito sobre o que Huck tem que fazer ou como ele pretende usar o desempenho digital para uma possível campanha política”, afirma Nunes.
Bolsonaro, por sua vez, continua forte nas redes sociais. Mesmo atrás de Huck no ranking geral, o presidente foi o que mais pontuou no quesito engajamento, que analisa comentários e curtidas por postagem, e tem uma grande rede de mobilização digital.
O monitoramento da Quaest aponta que Bolsonaro tem picos de acordo com as crises do governo. A cada nova tensão, o presidente via cair seus pontos em valência (relação entre reações positivas e negativas), que cresciam novamente quando o conflito era solucionado.
“Ele ficou num zigue-zague, mas com uma rede de altíssima mobilização e engajamento. Ele conseguiu montar um fã clube que foi crescendo ao longo do ano”, diz Nunes.
Já Lula, o terceiro no ranking do IDP, tem uma menor capacidade de articulação nas redes.
O petista teve apenas dois episódios em que suas postagens se destacaram: em seu aniversário, em outubro, e na sua soltura, em novembro.
Vale lembrar que, como o ex-presidente esteve preso até o fim do ano passado, seus perfis eram alimentados por uma equipe que o assessora.
“É uma bolha muito pequena em comparação com Bolsonaro, com mobilização e engajamentos pequenos”, afirma Nunes.
A Quaest também monitora as redes de mais sete possíveis presidenciáveis.
No ranking de dezembro, logo após Lula aparecem Fernando Haddad (PT), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Alvaro Dias (Podemos).
*Folha de São Paulo.
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