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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Paulo Guedes nega intenção de usar reservas internacionais, a não ser em caso de 'ataque especulativo'

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Indicado para ser o ministro da Fazenda disse que reforma da Previdência é prioridade. Ele defendeu permanência de Ilan Goldfajn à frente do BC.

O economista Paulo Guedes, indicado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para ser ministro da Fazenda, negou nesta terça-feira (30) que planeje usar as reservas internacionais do país, a não ser no caso de um "ataque especulativo" que faça o dólar atingir o patamar de R$ 5.

Reportagem publicada pelo Valor Econômico afirma que, em reuniões internas da equipe do presidente eleito, Guedes teria proposto reduzir as reservas para reduzir o tamanho da dívida pública. Segundo Guedes, a reportagem do Valor trata de uma conversa de um mês atrás, quando o dólar estava ao redor de R$ 4,10, e que foi vazada.

Previdência

Em declarações dadas na chegada à reunião com a equipe do presidente eleito, o indicado para liderar a economia no próximo governo ainda reiterou que realizar a reforma da Previdência é uma prioridade, lembrando que controlar os gastos públicos é uma necessidade para o país. Segundo ele, será proposta a criação de um novo regime previdenciário no modelo da capitalização, mas também é necessário corrigir erros do regime atual.

“Temos que controlar os gastos públicos, e o déficit está galopante... eu digo: aprovem a reforma da Previdência“, afirmou. “Nós vamos criar uma nova Previdência com regime de capitalização, mas tem um Previdência antiga que está aí e é preciso consertar e corrigir os problemas da atual. Nossa Previdência é um avião com cinco bombas a bordo a explodir a qualquer momento.“

Guedes indicou que é a favor da votação da reforma da Previdência atualmente travada no Congresso, apresentada pelo governo Temer. Em entrevista, ele afirmou que passou dois anos afirmando que a reforma deveria ser votada, e que agora não pode dizer que não aprovem. O presidente eleito Jair Bolsonaro já havia afirmado que quer aprovar parte do texto que já está no Congresso.

Paulo Guedes aproveitou, ainda, para esclarecer declarações do futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, que disse não ver necessidade de pressa para aprovar uma reforma da Previdência.

“Vocês estão assustados porque é político falando de economia, é o mesmo que eu sair falando de política. Não vai dar certo“, disse.

Atualmente, a Previdência funciona como um sistema de caixa comum. Os aposentados recebem do que é arrecadado de quem está trabalhando atualmente. No regime atual, o Estado é responsável pelos pagamentos e tem que arcar com a diferença entre a arrecadação e as despesas. Já a capitalização funciona em um regime de poupança e foi adotado no Chile. É criada uma conta individual em que o trabalhador deposita sua contribuição que, no futuro, banca a aposentadoria.

Banco Central

O economista, segundo a Reuters, também defendeu a permanência de Ilan Goldfajn como presidente do Banco Central, dizendo que seria algo natural, mas acrescentou que essa possibilidade ainda não está definida.

"Isso aí tem que combinar com os russos. Tem que combinar com a nossa equipe aqui dentro, tem que combinar com o Ilan", disse.

Guedes também afirmou que o BC deve ser independente e ter mandato não coincidente com o do presidente da República. Segundo ele, a independência do BC será formal, de modo que a discussão sobre a permanência do presidente do órgão durante outras trocas de governo não irá existir. "É a última vez que vai existir essa incerteza durante uma eleição", disse.

Mercosul

O economista também falou sobre o episódio de segunda-feira, quando respondeu com rispidez a uma jornalista argentina afirmando que o Mercosul e a Argentina "não são prioridade" para a futura gestão do Brasil. Guedes afirmou que "em nenhum momento quis desmerecer a Argentina". "Nosso foco, nosso principal problema hoje são os desequilíbrios internos", disse.

Privatização

Guedes também voltou a defender a privatização de empresas estatais como parte de uma 'transformação do estado'. De acordo com ele, as estatais "viraram ativos mal geridos e focos de corrupção". "Elas perderam a capacidade de investimento", afirmou. "E são empresas que estão aparelhadas politicamente, são mal geridas".

G1

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