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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Palocci diz ter sido nomeado por Lula para gerir verba ilícita à eleição de Dilma

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(Divulgação)

O ex-ministro Antonio Palocci (governos Lula e Dilma) detalhou, em delação premiada, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou, em 2010, que a Petrobras construísse 40 sondas para garantir o futuro político do PT com a eleição de Dilma Rousseff. Lula teria nomeado Palocci para gerir as verbas ilícitas da estatal e garantir a reeleição da ex-presidente petista.

Palocci disse ter participado, em 2010, de reunião na biblioteca do Palácio do Alvorada, com Lula, Dilma e José Sérgio Gabrielli. Na ocasião, Lula teria feito o pedido. "Luiz Inácio Lula da Silva, na mesma reunião, afirmou que caberia ao colaborador gerenciar os recursos ilícitos que seriam gerados e o seu devido emprego na campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República; que isso se dava, segundo Lula relatou e conforme narra o colaborador, para garantir que o projeto seria efetivamente desenvolvido por Gabrielli; que esta foi a primeira reunião realizada por Luiz Inácio Lula da Silva em que explicitamente tratou da arrecadação de valores a partir de grandes contratos da Petrobras", aponta o relatório.

A colaboração mostra que Renato Duque, ex-diretor da estatal, foi nomeado a pedido de empresários com relação com José Dirceu (ex-ministro de Lula). Duque teria tido também uma "estranha" entrevista com Silvio Pereira (ex-secretario-geral do PT) para alinhar sua atuação em prol do partido.

Palocci relatou que o PP, forte apoiador do governo, passou a atuar para derrubar diretores da estatal, já que a sigla não tinha espaço em Ministérios e nas estatais. Diante disso, Lula teria decidido resolver os problemas indicando Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento. "Isso também visava garantir espaço para ilicitudes, como atos de corrupção, pois atendia tanto a interesses empresariais, quanto partidários", aponta Palocci no documento. Além disso, já seria sabido que existiam ilicitudes em áreas de menor escalão da empresa. O governo, mesmo ciente dos esquemas, não teria se preocupado com os casos de corrupção.

Sonhos mirabolantes

Segundo Palocci, após a descoberta do pré-sal, Lula passou a ter sonhos mirabolantes, na medida em que os partidos e diretores da estatal começaram a celebrar novos contratos e formatar planos lícitos e ilícitos.

O depoimento mostra também que a ideia de nacionalização do projeto do pré-sal se deu "pelo aspecto social, de geração de empregos e desenvolvimento nacional, e objetivo, para atendimento dos interesses das empreiteiras nacionais, as quais tinham ótimo relacionamento com o Governo". Esse relacionamento seria benéfico diante da facilidade de se discutir com OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa "contribuições para campanhas eleitorais", relacionamento mais fácil do que tentar com empresas estrangeiras.

Além disso, no período em que Wilson Santarosa - ligado a Lula, Luiz Marinho e Jacob Bittar - esteve à frente da Gerência Executiva de Comunicação Institucional, teriam sido praticadas ilicitudes em conjunto com empresas de marketing e propaganda. Estas empresas teriam o papel de destinar 3% dos valores de contratos ao PT.

Defesa

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou: "A conduta adotada hoje pelo juiz Sérgio Moro na Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000 apenas reforça o caráter político dos processos e da condenação injusta imposta ao ex-presidente Lula.

Moro juntou ao processo, por iniciativa própria ('de ofício'), depoimento prestado pelo Sr. Antônio Palocci na condição de delator com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados, até porque o próprio juiz reconhece que não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal. Soma-se a isso o fato de que a delação foi recusada pelo Ministério Público. Além disso, a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituídas nos autos, inclusive por laudos periciais.

Palocci, por seu turno, mentiu mais uma vez, sem apresentar nenhuma prova, sobre Lula para obter generosos benefícios que vão da redução substancial de sua pena - 2/3 com a possibilidade de 'perdão judicial' - e da manutenção de parte substancial dos valores encontrados em suas contas bancárias."


Agência Estado

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