O depoimento de Marcel, filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa Leonel Julio, era o mais aguardado dos presos nesta semana na segunda etapa da operação, que apura o pagamento de propina em contratos superfaturados de merenda com o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e cidades paulistas.
A Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), com sede em Bebedouro (a 381 km de SP), é apontada como responsável pelo esquema conhecido como máfia da merenda. Marcel é considerado o elo entre a Coaf, a Assembleia, o governo e prefeituras.
Ao deixar a delegacia de Bebedouro após quatro horas de depoimento, Marcel disse estar "cooperando" com as investigações e confirmou ter aceito o acordo de delação.
A transferência, segundo a Folha apurou, foi decidida pela Procuradoria-Geral de Justiça. Na quinta-feira (31), dois procuradores já acompanharam o segundo dia do depoimento do ex-vendedor da Coaf Luiz Carlos da Silva Santos, que na véspera disse que a cooperativa emprestava um veículo para um ex-assessor do deputado Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa.
Na primeira fase da operação, dirigentes da Coaf apontaram como beneficiários do esquema Capez, os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB) e o deputado estadual Luiz Carlos Godim (SD). Todos negam.
PRISÃO DO PAI
Além de Santos e do ex-deputado Julio, outras cinco pessoas foram presas na segunda etapa. Os dois já foram liberados, assim como Carlos Eduardo da Silva, que era sócio-diretor da Coaf e funcionário da Casa da Agricultura de Monte Azul Paulista, ligada à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. Ele foi afastado do cargo.
Marcel estava foragido desde janeiro, quando a operação foi deflagrada, e se entregou à polícia nesta quinta, motivado, segundo seu advogado, Pedro Menin, pela prisão do pai. A Polícia Civil pediu a prorrogação da prisão temporária dos outros quatro, que venceria neste sábado (2).
O advogado disse que seu cliente foi transferido para São Paulo porque citou fatos importantes. "Existem pessoas envolvidas de outros escalões que têm de ser ouvidas em São Paulo."
Questionado, ele disse que Marcel não citou Capez, mas assessores de outras pessoas, sem nominá-las.
INOCENTES
A CGA (Corregedoria-Geral da Administração) de SP concluiu a primeira etapa da apuração das fraudes praticadas pela Coaf em contratos firmados com a Secretaria da Educação dizendo não haver provas contra integrantes do governo. Para o órgão, não foram comprovadas denúncias contra o ex-secretários da Educação Herman Woorwald e de Logística, Duarte Nogueira, além de Fernando Padula, ex-chefe de gabinete da Educação.
Fonte: Folha
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