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terça-feira, 27 de outubro de 2015

PF prende lobista e faz buscas em escritório do filho de Lula

Luiz Claudio Lula da Silva: negócios com seguros

A Polícia Federal deflagrou nesta segunda-feira a quarta fase da Operação Zelotes, que investiga fraudes em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, ligado ao Ministério da Fazenda. Em comunicado, a PF informou que 33 mandados judiciais estão sendo cumpridos nesta manhã, sendo seis de prisão preventiva, nove de condução coercitiva e dezoito de busca e apreensão.

Segundo reportagem do jornal o Estado de S. Paulo, os policiais fizeram buscas no escritório de Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é dono da empresa LFT Marketing Esportivo, suspeita de receber pagamentos de uma das consultorias investigadas por lobby na suposta "compra" da MP 471, que prorrogou benefícios fiscais de empresas do setor automobilístico. De acordo com as investigações, a Marcondes & Mautoni Empreendimentos repassou à LFT 2,4 milhões de reais - o valor foi transferido em parcelas de 400.000 reais. A empresa foi aberta por Luís Claudio em 2011, ano em que a MP começou a vigorar.

Trecho de documento de nova fase da Operação Zelotes, deflagrada nesta segunda-feira (26)(VEJA.com/VEJA)

Entre os presos está o lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como "APS", suspeito de participar do suposto esquema de negociação da MP, e o ex-conselheiro do Carf José Ricardo da Silva. O dono da Caoa, Carlos Alberto Oliveira Andrade, foi alvo de condução coercitiva. A PF também faz buscas na casa de Fernando César Mesquita, que já foi porta-voz da Presidência e secretário de comunicação do Senado.

"Esta nova etapa da operação aponta que um consórcio de empresas, além de promover a manipulação de processos e julgamentos dentro do Carf, também negociava incentivos fiscais a favor de empresas do setor automobilístico", informou a PF, em nota. A operação encontrou provas que indicam "provável ocorrência" de tráfico de influência, extorsão e corrupção de agentes públicos para que "uma legislação benéfica a essas empresas fosse elaborada e posteriormente aprovada". Cerca de 100 agentes participaram da operação deflagrada no Distrito Federal, São Paulo, Piauí e Maranhão.
Trecho de documento de nova fase da Operação Zelotes, deflagrada nesta segunda-feira (26)(VEJA.com/VEJA)

Nova fase - A PF investiga as suspeitas de que a MP, editada em 2009, no governo Lula, tenha sido negociada por meio de lobby e de corrupção para favorecer montadoras. Empresas do setor teriam negociado pagamentos de até 36 milhões de reais a lobistas para conseguir do Executivo um "ato normativo" que estendesse incentivos fiscais de 1,3 bilhão de reais por ano, segundo as investigações. Mensagens interceptadas pela PF citam a oferta de propina a agentes públicos para viabilizar o texto, que vigora até o fim deste ano.

Os contratos datam de 11 e 19 de novembro de 2009. No dia 20 daquele mês, o ex-presidente Lula assinou a MP 471, esticando de 2011 até 2015 a política de descontos no IPI de carros produzidos em três regiões do país (Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Na época, a Ford tinha uma fábrica na Bahia, e a CAOA e a Mitsubishi, fábricas em Goiás.

A defesa do filho do ex-presidente afirmou que as ações foram "despropositadas". Luis Claudio, que também é dono da empresa Touchdown, confirmou ter recebido o pagamento de 2,4 milhões de reais, mas para o desenvolvimento de projetos na área esportiva. "A busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na data de hoje (26 de outubro), dirigida à Touchdown Promoção de Eventos Esportivos Ltda., revela-se despropositada na medida em que essa empresa não tem qualquer relação com o objeto da investigação da chamada Operação Zelotes", disse o advogado Cristiano Zanin Martins, que integra o núcleo de defesa da família Lula. Segundo a defesa, a Touchdown organiza o campeonato brasileiro de futebol americano - torneio que reúne dezesseis times, incluindo Corinthians, Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo, Santos e Portuguesa -, "atividade lícita e fora do âmbito da referida Operação".

A defesa ainda afirmou, em nota, que a LFT Marketing Esportivo "se viu indevidamente associada à edição da MP 471". "A simples observação da data da constituição da empresa é o que basta afastá-la de qualquer envolvimento com as suspeitas levantadas. A citada MP foi editada em 2009 e a LFT constituída em 2011 - dois anos depois. A prestação de serviços da LFT para a Marcondes & Mautoni ocorreu entre 2014 e 2015 - mais de cinco anos depois da referida MP e está restrita à atuação no âmbito de marketing esportivo. Dessa prestação resultaram quatro projetos e relatórios que estão de acordo com o objeto da contratação e foram devidamente entregues à contratante. O valor recebido está contabilizado e todos os impostos recolhidos e à disposição das autoridades", sustentou a defesa.

Fonte: Veja.

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