Para o ex-presidente, Dilma só ouve o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – que, na sua avaliação, quer apenas “aparecer” -, e não entende que, em nome do combate à corrupção, pode destruir o projeto político do PT.
Em São Paulo, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, tentou ontem pôr panos quentes na crise e acalmar Lula. Não conseguiu. “O governo não tem qualquer interferência nas investigações. Agora, nem a Operação Lava Jato nem a Zelotes podem ser a agenda do País”, disse Wagner. “Precisamos virar essa página.”
Lula estará na quinta-feira em Brasília, para participar da reunião do Diretório Nacional petista, e vai pregar uma forte reação do partido ao que chama de “ofensiva” para destruir o PT e o seu legado. Na ocasião, receberá a solidariedade dos correligionários.
Além de Luís Cláudio, o presidente do Sesi, Gilberto Carvalho – chefe de gabinete de Lula de 2003 a 2010 e ministro da Secretaria-Geral da Presidência no primeiro mandato de Dilma – também foi citado no relatório da Operação Zelotes.
Braço direito de Lula, apelidado por ele de “Gilbertinho”, Carvalho prestou depoimento ontem no inquérito que investiga a denúncia de compra de medidas provisórias para favorecer o setor automotivo.
‘Mentirão’
Um dos amigos que conversaram com Lula contou que ele estava “furioso” e chegou a chamar a delação premiada feita em outras operações, como a Lava Jato, de “mentirão premiado”. Disse, ainda, que o governo Dilma “perdeu o controle” das investigações e que ilações são vazadas, sem prova, para enfraquecê-lo e impedir uma nova candidatura dele, em 2018.
No diagnóstico de Lula, a Polícia Federal está cometendo “abusos”, com desrespeito à Constituição, e os acusados não têm acesso às acusações para se defender. “A gente não pode permitir que ladrões queiram pôr na nossa testa o carimbo da corrupção”, afirmou.
Abatido, ele disse não querer impedir nenhum inquérito e lembrou que, em 2007, até seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, foi investigado pela PF na Operação Xeque Mate. Comentou, porém, que à época, não havia “perseguição”.
O ex-presidente disse ter perdido até mesmo o ânimo para comemorar, hoje, o seu aniversário, mas o Instituto Lula vai organizar uma reunião para lembrar a data. Os amigos queriam promover uma festa para Lula, na quinta-feira, no restaurante São Judas, em São Bernardo do Campo (SP). Na semana passada, porém, ele pediu para cancelar a confraternização.
Em nota, o Instituto Lula afirmou que “não têm qualquer fundamento” as informações de que o ex-presidente responsabilizou Dilma pela ação da Polícia Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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