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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SOBRAL: Água está suja e com mau cheiro

Por mais que moradores não confiem na água que está chegando em suas casas, Saae garante que o líquido é tratado

Sobral A água distribuída pelo Sistema Autônomo de Água e Esgoto (Saae) para o município está chegado às residências com cor escura e forte odor, causando preocupação aos moradores. De acordo com a população, o uso da água tratada pelo Saae está sendo evitado até nas tarefas domésticas, como lavar roupas e tomar banho.

Segundo o Saae, a água mais escura é a captada pelas estações de tratamento enquanto a mais clara é a que chega à torneira do consumidor Foto: Luiz Queiroz


Segundo a universitária Nara Duarte, os últimos três dias foram de incerteza quanto à qualidade da água distribuída. Ela diz que o gosto parecia "de terra" e agora, para poder consumir, a família tem decantado a água em diversas etapas. As explicações que chegam até a estudante também contribuem para as dúvidas. "Esses dias a gente estava tomando água com gosto de terra e agora a gente está tentando decantar colocando a água do filtro, que continua barrenta, em garrafas e deixando em repouso. E é tanta notícia controversa que a gente não sabe se acredita que o rio está poluído por algas, o que eu duvido seriamente, ou se é incompetência do Saae em purificar a água".

Outra dificuldade encontrada pelos moradores é a de comprar água para consumo, já que a purificação por meio de filtros não tem sido o bastante para retirar o aspecto desagradável da água. Segundo o aposentado Raimundo Alves, de 73 anos, devido à alta procura, o preço para a troca de um garrafão vazio por um cheio saiu de R$ 5,50 para R$ 20,00, chegando até a R$ 50,00 em alguns pontos. "Para conseguir comprar, houve tumulto, fui empurrado e agredido verbalmente, e ainda foi limitada a compra de um garrafão por pessoa. Todos os postos de venda estão assim, alguns vendendo apenas em determinado horário".

Na saída que liga Sobral à Tianguá pela BR-222, caminhões carregados de garrafões interromperam metade da passagem na Avenida Ermínio de Moraes, no bairro da Coelce, fornecendo para o Atacadão do Trigo. De acordo com o dono do estabelecimento, Francisco Rufino Pereira, até o meio-dia de ontem, foram vendidos cinco mil garrafões no preço normal de mercado. "A água custa R$ 4,00 e o garrafão completo R$ 16,00. Para o período da tarde está programado para chegar mais 12 mil garrafões".

Conforme a dona de casa Mirlane do Nascimento Pinto, a fila para comprar começou às seis da manhã. "Quando cheguei aqui, pouco depois das seis, já estava cheio de gente. Da primeira vez comprei seis garrafões e agora vou comprar mais dois. A espera está sendo de cerca de duas horas. Ninguém aguenta mais essa água que vem do encanamento. Está suja e fede".

Em comunicado oficial à imprensa, o diretor presidente Saae, Silvestre Gomes Coelho Neto, esclareceu a dúvida de moradores de alguns bairros de Sobral, que reclamam da cor da água que tem chegado às torneiras das casas. Ele explica que as chuvas registradas nos últimos dias na região elevaram rapidamente o volume do Rio Acaraú. As torrentes súbitas provocaram erosão no leito do rio e nas margens, o que faz com que a água fique naturalmente turva.

O diretor do Saae explica, ainda, que mesmo turva, a captação de água do rio para as estações de tratamento não deixou de ser feita. "A água que chega às casas é tratada e passa por processos de coagulação, decantação e filtração, atendendo normas de controle e vigilância da qualidade da água para o consumo humano, estabelecidas na Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde", afirmou.

"O que torna a água turva são as partículas suspensas, mas o líquido que sai na torneira é tratado", reitera Silvestre, lembrando que o volume hídrico tratado pelo Saae é de 1.400m³ por hora e que, a cada duas horas, é feita a análise da qualidade do produto nas estações de tratamento e, a cada dois dias, esse controle é feito por amostragem nos bairros da cidade.

Para diminuir a turbidez do recurso captado pelo Saae e limpar o leito do Rio Acaraú, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) está liberando mais água do Açude Jaibaras. Segundo o diretor do Saae, a aparência do líquido deverá estar normalizada até o fim desta semana, mas, como as partículas aderem às paredes internas da tubulação e das caixas d´água, é recomendado fazer uma limpeza a cada seis meses nos reservatórios domésticos ou do local de armazenamento da água.

Quando procurado pela reportagem para maiores explicações sobre o gosto e o cheiro, o diretor não retornou o contato.

FONTE: O Povo Online.

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