quinta-feira, 23 de outubro de 2014

CPI da Petrobras ouvirá Youssef no dia 29, depois do 2º turno


Depois de cinco meses de funcionamento, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades na Petrobras vai ouvir o doleiro Alberto Youssef, um dos principais envolvidos no esquema que teria desviado R$ 10 bilhões da estatal. A reunião para ouvir Youssef, preso na operação Lava Jato da Polícia Federal (PF), foi agendada para a próxima quarta-feira (29), às 14h30, e será a primeira após o segundo turno das eleições.

Segundo o presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), a logística para vinda do doleiro já foi acertada com a PF. Youssef está preso no Paraná e assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público para redução de pena.

Para o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), a convocação de Youssef pode ser apenas gasto de dinheiro público. “A expectativa de todos nós é que ele venha aqui e reproduza as mesmas frases do [ex-diretor da Petrobras] Paulo Roberto Costa dizendo que não tem absolutamente nada a declarar”, afirmou. Conforme Maia, essa seria a lógica para Youssef manter o benefício da delação premiada.

“Quem é que lhe assegura que ele vai se manter calado? Ele pode vir aqui e dizer, mesmo em sessão secreta. É um direito dele se calar ou não como qualquer outro”, retrucou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), ao responder sobre o porquê da convocação de Youssef. Bueno é autor de um dos seis requerimentos aprovados em junho pela CPMI para ouvir o doleiro.

Cosenza
Parlamentares da oposição criticaram a ausência do diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, na CPMI hoje (22). Ele apresentou atestado alegando hipertensão para não vir prestar depoimento.

Consenza substituiu Paulo Roberto Costa, que saiu da Petrobras em abril de 2012. Costa foi preso na Operação Lava Jato por suspeitas de superfaturamento e lavagem de dinheiro na estatal. Após acordo de delação premiada, o ex-diretor passou a cumprir pena domiciliar.

De acordo com Rubens Bueno, o atestado entregue aos membros da comissão não tinha o Código Internacional de Doenças (CID). “Em nenhum momento, consta o CID no documento que veio da CPMI. Esse texto foi adulterado, tem de apurar isso”, declarou.

O senador Vital do Rêgo respondeu que o atestado foi complementado pelo médico, a pedido da comissão, e não adulterado. No site do colegiado, há o atestado com o CID, indicando a hipertensão que teria afastado Cosenza da reunião. “Foi feita uma complementação do documento para colocar a classificação que estava faltando na primeira edição”, disse.

A oposição cobrou instalação de inquérito policial e questionamento no Conselho Regional de Medicina (CRM) do Rio de Janeiro para investigar a veracidade do atestado apresentado pelo diretor da estatal. Ainda não foi marcada nova data para o depoimento de Cosenza. Uma reunião chegou a ser pedida para a próxima sexta-feira (24), fim do atestado de 48 horas dado ao diretor, mas descartada por Vital do Rêgo.

Eleições
O debate eleitoral movimentou novos requerimentos na comissão. O deputado Afonso Florence (PT-BA) apresentou pedido para convocar o presidente do PSDB e candidato à Presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG), para falar sobre propina de R$ 10 milhões que teria sido dada ao ex-presidente da legenda Sérgio Guerra, falecido em março deste ano. O dinheiro, conforme Paulo Roberto Costa, seria para a paralisação de uma CPI da Petrobras no Senado em 2009. “Temos de dar oportunidade ao presidente do partido vir se defender”, argumentou o parlamentar.

Em seguida, o deputado Izalci (PSDB-DF) informou que apresentaria requerimento para convocar o coordenador da campanha do PT em 2010, o ex-ministro Antonio Palocci, sobre o suposto pedido dele a Paulo Roberto Costa de R$ 2 milhões para abastecer a campanha petista naquele ano.

Prorrogação

Vital do Rêgo apresentou pedido para prorrogar os trabalhos da CPMI de 23 de novembro até o final do ano legislativo, em 22 de dezembro. O requerimento está na secretaria da comissão para conseguir as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores necessárias para estender a duração das investigações. Oito deputados e quatro senadores já assinaram a solicitação.

* Com informações da Agência Câmara

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