sábado, 19 de janeiro de 2019

Gigante da tecnologia, a Amazon queima ou joga no lixo milhares de produtos novos

Organizações ambientais denunciaram a Amazon em novembro por não reciclar eletrônicos com defeito  (Foto: Gatty Images)

Imagine milhares de produtos novos em perfeitas condições, que custam mais de US$ 100 sejam jogados no lixo ou queimados. Diversos produtos como brinquedos, livros, cafeteiras e até mesmo fraldas - que não são vendidos pela Amazon, acabam sendo incinerados ou descartados em grandes depósitos de lixo na França, segundo mostrou o canal de televisão francês M6, através do programa Capital.

Segundo reportagem da BBC News Brasil, as imagens foram captadas por um jornalista, que se infiltrou disfarçado de funcionário da Amazon, em um dos cinco depósitos da empresa de comércio eletrônico no país europeu. Apesar da prática ser legal, foi duramente criticada.


"É uma aberração ecológica, econômica e social", disse Guillaume Cahour, jornalista que liderou a investigação, à BBC. “Se os produtos não são vendidos, a Amazon oferece aos vendedores duas opções: ou eles retiram as mercadorias ou são destruídas." Segundo Cahour, a equipe tem evidências de que essa situação se repete em outros países, como Estados Unidos e Reino Unido.

Ainda de acordo com a BBC, o programa informou que 300 mil produtos novos foram destruídos em três meses, mas a Confederação Geral do Trabalho (CGT, na sigla em francês) estima que esse número pode chegar a três milhões em um ano.




O que diz a Amazon?

A Amazon afirmou a BBC, que faz todo o possível para reduzir o número de produtos que devem ser devolvidos a fornecedores externos.

"Para produtos que não podem ser revendidos, trabalhamos com organizações como a Solidarity Giving e o Food Bank para que sejam entregues a pessoas que necessitam."A Amazon argumenta que está trabalhando com organizações sociais para doar produtos que não podem ser revendidos. Outro argumento da empresa é que o destino dos produtos é de responsabilidade dos fornecedores que utilizam a plataforma para vendê-los.

Analistas do setor indicam que tampouco é financeiramente viável para a Amazon doar todos os produtos, já que a empresa teria que arcar com os impostos por doação.




É 'mais barato' se desfazer

De acordo com a investigação jornalística, os fornecedores se desfazem dos produtos por causa do alto custo para mantê-los nos depósitos da Amazon e porque não é conveniente para eles devolvê-los a seu país de origem.

É o caso de um vendedor da China, que confirmou ao programa que esse tipo de situação se repete em diferentes cidades do mundo.

O programa de televisão 'Capital' mostrou imagens gravadas por um repórter disfarçado em um depósito da Amazon

O paradoxo é que, embora pareça estranho, seria mais barato para a Amazon se livrar dos produtos do que tentar revendê-los ou doá-los.

O jornalista registrou imagens mostrando como os funcionários jogam caixas de Lego fechadas ou pacotes inteiros de fraldas em latas de lixo.

O programa também divulgou imagens gravadas por drones que mostram produtos que vão parar em incineradores ou aterros sanitários.


Reação do governo - Horas após o programa ser exibido, Brune Poirson, secretária de Estado do ministro da Transição Ecológica e Inclusiva, disse estar "chocada" com a denúncia e acrescentou que o Parlamento aprovará uma lei para proibir esse tipo de conduta.

"Empresas como a Amazon não serão capazes de descartar produtos que ainda possam ser usados", afirmou Poirson, argumentando que qualquer plataforma de vendas deve "assumir a responsabilidade pelo destino dos produtos que oferece".

Organizações ambientais denunciaram a Amazon em novembro por não reciclar eletrônicos com defeito

A Amazon enfrentou acusações semelhantes na Alemanha, onde a imprensa local informou no ano passado que grandes quantidades de produtos - de telefones celulares a refrigeradores - eram rotineiramente destruídos.

Na França, a empresa foi acusada por organizações ambientais, em novembro passado, de descartar artigos eletrônicos defeituosos e não implementar políticas de reciclagem.

Enquanto isso, o governo de Emmanuel Macron está promovendo uma proposta para que a União Europeia aplique um imposto sobre os ganhos de gigantes da tecnologia como a Amazon, uma vez que grande parte de sua receita é gerada nessa região.

Fonte: Tribuna dos Vales

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